quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

TEMPO PERDIDO

Quanto tempo faz
Que não frequento
Meu próprio mundo,
Que não me abandono
Ao gosto das pequenas coisas
Cotidianas,
Que não esqueço a vista
Em  historias em quadrinhos
Ou, simplesmente,
perco o dia em ócios, silêncios
e cigarros.
Quanto tempo faz
Que não vivo...

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

AGONIA

Quase assovio,
Quase delírio,
Talvez um grito
Ou um aviso.
Só feriu os ouvidos
Vindo não se sabe
De onde.
É certo que dizia dor,
Algum sofrer...
Qualquer agonia.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

VIAJANDO NO TÉDIO

Acordei outro dia
Totalmente descrente
De minhas rotinas,
Absolutamente ausente
De todas as coisas.
Acordei desesperado
Com os imperativos
Da agenda,
Cheio de medos,
Limites e silêncios.
Acordei com o perfume
De outras vidas
Cobrindo o corpo cansado,
Querendo saber
O que se passa
Do outro lado do mundo.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

DESAFIO PERDIDO



Não sabia se era cedo
Ou tarde
Para realizar seu intento.
Apenas sabia-se inspirado
E determinado.
Deveras empenhado.
Nem dormira a noite passada
Atormentado por uma atroz ansiedade.
Agora era finalmente o momento...
A hora da verdade.
Com a respiração ofegante
Abriu a porta, fitou
Cada pessoa presente
Na sala de convenções,
E depois foi embora
Engasgado com tudo aquilo
Que deixara de dizer,
Que na última hora
Desistira de fazer...

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

INTERROGUE-SE!!!!

Interroguem os sinos
Do juízo
Com suas drogas usuais
E imaginações astrais.
Interroguem seus algozes,
Críticos e detratores
Sobre os sinais
De que o tempo
Já não sustenta e aguenta
O passado nas costas.
O futuro acabou de nascer,
Inocente e sem preconceitos,
Aguardando mimos

No colo do horizonte.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

ISOLAMENTO

Prefiro que não me vejam,
Que não me saibam.
Que nem parem
Ao meu lado.
Não quero estar com ninguém,
Quanto mais com todos.
Entrego-me a paz
Dos meus pensamentos,
As paisagens dos meus eus
Em prolixos diálogos.
Lá fora o tempo passa.
Aqui dentro
Ele acontece.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

RELAXAMENTO

Deixei a vida lá fora
Para me ocupar
Dos silêncios que me deixam
Inquietos entre automóveis
E multidões.

Indiferente a tudo,
Deitei sobre a rotina
E ascendi um cigarro
De boa erva
Para curtir a tardinha
Sem o peso de qualquer
Pensamento.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

MENDICÂNCIA

Deixei de lado minhas vaidades,
Minhas certezas e convicções
Mais intimas.
Aposentei minhas esperanças
E todo otimismo.
Passei a viver mendigo,
A mingua de boas intenções
E propósitos.
Minha existência ficou sem graça,
Honestamente vazia
Como é próprio da vida...

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

FUMANTES

Me dê um trago
Ou acenda  meu cigarro.
Pois já é tarde
E as horas adoeceram.

A  madrugada dói
Dentro da gente.
O momento ficou mudo.
Acenda, por favor,
Meu cigarro
Ou  me dê um trago.
Quem sabe um beijo...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

MUDANÇAS


Tirem do caminho
Aquele retrato antigo
Que pouco diz a paisagem agora.
Apaguem o passado
Do rosto do dia
Enquanto ainda
É tempo de mudança.
Vamos rasgar as horas,
Fazer as malas
E abraçar o desconhecido.
Amanhã
Ninguém saberá de nós.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

TEMPOS MAIS QUE MODERNOS

Meus hábitos
Conhecem meus pensamentos
Mais do que eu 
Sei dos meus atos
No trato  de realidades.
Pois pouco trato comigo
No tato de tantas rotinas
Onde quase me desfaço
Em agitados silêncios.
Aquém de mim mesmo
Procuro-me a deriva
Em enfumaçadas evasões
E ócios...

DISCRETAS ESPERANÇAS

Não espero o impossível
De uma vida melhor,
Apenas o alívio
De um existir mais autêntico
Entre meus sonhos desfeitos
E esperanças vazias.
Espero apenas
Não morrer amanhã.
Ter uma mulher
A espera no leito
E muitos goles de poesia.

MAIS UM CIGARRO

Começo o dia com um cigarro.
Talvez o resto da minha vida
Escreva-se no aleatório trajeto
De sua  fumaça,
Talvez todos os meus sonhos
Estejam ali escritos
No ilegível.
Talvez eu não saiba,
Mas já tenha meu tempo
Marcado
Pelo imperativo de  algum destino...