quarta-feira, 28 de abril de 2021

TEMPO ENIGMA

O tempo jamais será amigo dos meus sonhos,
não  me fará inteiro,
ou um enigma desfeito pelos anos.

O tempo nem sabe de mim,
não  me transforma.
Ele  é  apenas o segredo do espaço,
do silêncio  e do passado,
que me forma,
conforma a ilusão do seu próprio  enigma.

O tempo é  sempre um outro
através  de mim.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

A POTÊNCIA DA INDIGÊNCIA

Sou qualquer  nada no mundo.
Mas pouco me importa o universo.
Sou tão insignificante
que não  tenho limites,
que escapo a definições e controles.
Minha mediocridade me torna imprevisivel,
quase invencível.

CONTRA O FUTURO

Frente as incertezas do  presente,
abraço o passado contra o futuro.
Meu ontem é urgente 
contra o amanhã e a morte.

Vivo dentro do mundo antigo
de desbotadas fotografias
contra o efêmero da tela,
do digital, que me roubou
o sabor do passar do tempo.

Sou hoje mais antiquado
do que meus avós.
Não  acredito em nenhum progresso,
Duvido de qualquer futuro.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

AS PALAVRAS NOS OLHOS

Os olhos buscam palavras livres.
Seja na tela ou na folha.
Mas só encontram textos previsiveis,
letras organizadas na falsa embriaguez do sentido
e do não  sentido.
Nenhuma palavra diz o caos
que escapa ao simulacro da alma,
o absurdo da vida cotidiana,
enquanto tudo é  dito
o tempo todo
na desordenada ordem das coisas.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

QUASE GOTA D'AGUA

A humanidade nunca deu certo. Nosso futuro como espécie  sempre foi duvidoso. Mas depois do Covid, mas pessoas se tornaram sensíveis a situação. Alcool, cigarros, TV e anti depressivos, já não  dão conta de nossas angustias e frustrações. A lei da sobrevivência  já  não  justifica comodismos. Não  sabemos o que fazer, mas estamos cada vez mais conscientes de tudo aquilo  que não  pode continuar a ser. 

segunda-feira, 19 de abril de 2021

DIA DE RESSACA

É  dia de céu  fechado,
de ressaca na praia
e raiva no mar.

É  dia de intensa natureza
nos pés  que provam a areia
avessos ao cotidiana
de calçadas cheias
de buracos urbanos.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

O IMPOSSÍVEL DO TEMPO VIVIDO

O agora da memória 
diz o passado como futuro perdido,
como  meta impossivel
que sequestra horizontes.

 Meu tempo é o nunca
de um presente sempre incompleto,
de um devir das coisas e do corpo interrompidos,
condenados desde sempre
ao inatual,
ao que não foi possível 
de um acontecimento incontecido e misterioso.






quarta-feira, 7 de abril de 2021

PROFECIA PROFANA

Tenho mais passados do que futuros.
Não  sobreviverei ao sinistro periodo de 2020 à 2050.
Não  verei a morte do mundo verdade, 
ou a agonia do futuro realidade.
Mas sei que a vida nunca mais será  a mesma nas próximas décadas.
As crianças de hoje serão adultas
no reino da angustia e do absurdo.
Entre tecnologias, degradação ambiental, e crise social,
o tempo será denso e mortal.
Todas as canções serão  tristes,
e os poetas sonharão com o fim da humanidade.
 O intempestivo será a intensidade de um devir natureza
contra o tempo podre do poder e da razão pós industrial.
Será o fim das grandes cidades,
de toda verdade universal.
Reaprenderemos a existência 
com a amoralidade dos animais
e a eternidade nunca mais será para sempre
na vitalidade das coisas vivas e inanimadas.
A paz será  entre nós a mais terrível de todas as guerras.





terça-feira, 6 de abril de 2021

INVOLUÇÃO

Sou um ponto perdido no caminho do acaso, 
Um borrão no rosto anônimo do tempo.
Meus atos tem gosto de esquecimento.
Quase não sou humano na animalidade dos meus afetos,
nas necessidades brutais do corpo
que me faz viver.
Tenho fome, tenho sede,
incertezas e medos.
Pouco me interessa estéticas e arte.
Sou feito de natureza.
Não  tenho alma ou virtude.
Sou feito de liberdade.



segunda-feira, 5 de abril de 2021

ATUALIDADE


O tempo não  volta
e a hora de agora 
ignora memórias.
Apenas me assombra  a insanidade dos telejornais,
a barbaridades da Internet,
e o mal estar  da existência.
Tudo o mais é  descartavel e banal
e não  vale a morte que me espera.








domingo, 4 de abril de 2021

O FIM DO HOMEM

Não  há mais futuro para humanidade.
Amanhã  será o fim
ou o advento do nosso silêncio.

Tudo terminará sem conclusão
e sem deixar lembranças.
A natureza será novamente absoluta. 
Todas as palavras serão  extintas.
E as arvores aprenderão a sorrir
na ausência  do humano.