Os dias não são perfeitos. Mas
procuro preencher seus vazios e impasses com pequenas idiotices. As
frivolidades são a essência do dia a dia. Sem elas é sempre mais difícil seguir
em frente. Pode-se mesmo dizer que a reprodução de rotinas ou do enfadonho do
cotidiano pressupõe uma boa dose de idiotice, de pequenas irracionalidades.
O pânico pode ser considerado uma
captura pelos caprichos da imaginação, um rapto da consciência pela
irracionalidade do medo. Mas a relação entre consciência e medo estabelecida em
uma síndrome de pânico leva ao paradoxo do medo do próprio medo.
Observa-se, ainda, tratar-se de uma
modalidade de medo que poderíamos classificar como uma fobia social, pois é
expressão de uma desfunionalidade na relação entre indivíduo e sociedade. Nem
mesmo os psicólogos profissionais possuem todas as respostas para esta vivencia
psicológica que põem em xeque a própria cultura urbana ocidental. Afinal, somos
cotidianamente expostos a uma realidade social marcada pela experiência do
conflito, de uma tensão desfocada que nos arrebata em todos os planos da experiência
vivida. O pânico é aquilo que
coletivamente estamos nos tornando como sociedade.