terça-feira, 30 de outubro de 2018

SEM SONHOS


A noite me deito sem dormir.
Fico pensando no dia seguinte,
nos muros invisíveis e cotidianos,
Nos limites, gritos mudos e muros
Que limitam a vontade e os atos.
Não chamo isso de insônia,
Não classifico como ansiedade.
Trata-se mais de uma falta de sonho do que de sono.
O céu tornou-se mudo.
Não diz mais a lua ou as estrelas
E nada parece infinito e desconhecido.

domingo, 28 de outubro de 2018

A MARGEM DAS CONVICÇÕES COLETIVAS

A vida é curta demais para se  viver do artificialismo das convicções coletivas. É o pequeno território da vida doméstica que  merece de nós todo cuidado possível.
O invisível de nosso pequeno mundo cotidiano , a insignificância de nossa vida  imediata, é o plano existencial que nos sustenta e configura. Diante dele as questões coletivas não passam de abstrações vazias. Mesmo assim, já não é possível contrapor o privado ao público como experiência.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

INTIMA DECADÊNCIA


Tenho estado um trapo humano.
Pareço um sombra de quem fui.
Mas não posso culpar o tempo.
Fui desleixado, acomodado,
E, principalmente, inconsequente.
Não queiram inventar qualquer motivo,
Justificativas ou explicações.
As vezes, as coisas apenas acontecem.
Todo mundo desce aos infernos um dia.
Isso faz parte da vida.


quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O TÉDIO DA VIDA COMUM




A vida caiu na rotina dos dias normais.

Não há mais sonhos, 

delírios ou arroubos de poesia.


São sempre os mesmos obstáculos,

As mesmas angustias e medos,

Os mesmos desejos,

Os mesmos tédios...


Não faz diferença atravessar a rua.

Em toda parte é sempre o mesmo começando de novo.

Sou eu fugindo de tudo,

desinventando a mim mesmo.

sábado, 20 de outubro de 2018

ABRA UMA CERVEJA

Precisamos perder um pouco de tempo,
Esquecer o mundo.
Caso contrário o cotidiano se torna insuportável.
Abrir uma cerveja é uma questão.
Embriagar-se é a melhor maneira de manter o bom senso.
O resto não precisa ser dito.
Deve ser apenas vivido.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

ATREVIMENTO

Redundante dizer que a vida não é fácil,
Que os dias são curtos,
E a existência não faz sentido.
Felizmente temos a noite,
A bebida , o cigarro,
E madrugadas solitárias para perder o juízo,
Para não pensar nisso.
O que não temos é qualquer solução.
Mas nos sobra risos e coragem para correr riscos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

MANHÃ DE SEGUNDA FEIRA

As sobras do fim de semana atrapalham a manhã de segunda feira.
Todas as rotinas são atualizadas.
Todas as pequenas agonias do cotidiano são reorganizadas.
O café da manhã não acorda o dia.
Tenho má vontade com a rotina.
Nada é como deveria ser.
Sobrevivo como quem nunca viveu.

EXPERIMENTE

Minha receita para uma vida quase perfeita, é não buscar perfeição. É não fazer dietas, não obedecer moral alguma. Saber a vida sem adjetivos.

Existo! E nisso reside todo o absurdo do mundo.  sou sem qualidades. Apenas me faço entre o incerto e o desejado. Não há qualquer propósito receando meus atos. Viver é um sempre renovado exercício de experimentação.

domingo, 14 de outubro de 2018

CONSELHO AMIGO

A verdade é que tenho sido o ébrio passageiro de mim mesmo. Não sigo em qualquer direção. Abomino destinos e metas. A vida acontece sem imperativos de consciência.

Tudo é construção e desabamentos. Nada dura o bastante. Aproveite o instante. Não busque profundidades. Faça o que tiver vontade. Até agora  isso tem funcionando comigo.

A SABEDORIA DA PREGUIÇA

Tenho preguiça de escrever diários. Acúmulo banalidades, tédio e rotina. Por que razão iria querer fazer disso a geografia de algumas linhas? 

Como todo mundo levo uma vida banal e anônima sem qualquer interesse público. Sou inteligente demais para me levar a sério, para levar os outros a sério. O mundo é um cemitério de imbecil quase mortos se afogando em vaidade. Cultivo minha preguiça. Essa é toda filosofia da qual ainda preciso. A preguiça nos impede de ser idiota entre os outros vomitando pretenções a qualquer verdade.

NÃO ENTRE NO JOGO DO MUNDO

Para a sociedade o que importa é ser jovem, atraente e produtivo. Depois nos tornamos apenas restos, consumidores de remédios e um peso para a previdência social. 

Não importa o quanto realizamos na juventude. O mundo tem uma fome insaciável de novidades e fatos. Quer sempre mais. Ele nos devora e joga fora.

No final vivemos uma vida eterna dedicada ao efêmero, só superficial e só banal que definiu as misérias de nossa própria época.

Não importa o que digam por aí, não há dignidade na velhice. Aproveite o instante. Tenha um porre atrás do outro. Use drogas. Mas não entre  no jogo do mundo.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

O NOVO SIGNIFICADO DA EMBRIAGUEZ

A vida em sociedade tem me deixado assustado. Para mim é cada vez mais claro que aquilo que chamamos de civilização já ultrapassou a própria ideia de sociedade. Vivemos em rede. Tudo hoje em dia é circulação de signos, o acontecer de linguagem em provisórios arranjos de sentido. Isso nos conduz a um noivo hedonismo. Viver a vida tem se tornado um estado de evasão permanente. Damos um novo sentido a embriaguez. Tudo é experiência e sensualismo. O virtual faz do real uma vertigem estranha. Estamos sempre fugindo as identidades e convenções, estamos sempre indo para o oposto do jogo social. A embriaguez se tornou finalmente um modo de existir.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

VIDA E BANALIDADE

A produção do mundo é uma obra impessoal, coletiva,  da qual participamos como miragens, como variações praticamente infinitas de um mesmo tema. Somos todos equivalentes, dedutíveis uns aos outros e, ao mesmo tempo, expressão de singularidade. A unicidade de cada indivíduo é também uma condição coletiva. 
Por isso não sou vaidoso. Não me deixo levar pelos meus prazeres e desejos, pelos meus afetos e defeitos. Sei que eles são tão banais quanto os seus.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

OUVINDO MÚSICA


Gosto da inercia de estar dentro da musica,
Acolhido na voz e nas notas,
seguindo através da melodia,
Que perfuma o espaço e embriaga o corpo.

A música confunde em mim o dentro e o fora.
Ela mistura tempos e sentimentos.
É como um abstrato lugar de ser
Que transforma tudo em movimento.

A música flui.

Define latitudes e longitudes existenciais.

NOSSO COTIDIANO MUSEU DE NOVIDADES

Perdido entre tantas novidades já não vejo oportunidades para inventar o novo. Nada nos oferece uma única migalha de inesperado. Pelo contrário. É tudo previsível e banal. Os fatos perpetuam o mesmo horizonte de ordem através de novos cenários conservadores. É sempre e eternamente o mesmo novo de sempre.


O novo é sempre rotina e tédio.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

SOBRE LIBERDADE E ESCRAVIDÃO


Todo mundo quer liberdade. Até mesmo as pessoas mais autoritárias e dogmáticas que nem mesmo sabem o que fazer com ela. 

Todos cultivam caprichos, vontades e opiniões. Mesmo sem levar em consideração os caprichos, vontades e opiniões dos outros. 

O problema é que são poucos aqueles que percebem que sua liberdade depende da liberdade dos outros. 

Ser livre é um ethos e uma ética. Mas somos escravos demais de nossas necessidades naturais ou artificialmente impostas pelo meio social. Fazemos parte de uma sociedade de escravos que amam a escravidão. 

EXPECTATIVA


Não quero ser nem o último nem o primeiro.
Pouco me importa o acontecer dos outros.
Quero apenas ser mais um,
Ou menos um,
Dependendo da perspectiva.
O mais importante é que aconteça.
Não aguento o peso de tantas expectativas.
Todos nós, no fundo,
Esperamos sempre que alguma coisa aconteça.
Sofremos perpetuamente a esperança,
Como se esperar fosse uma doença.
E assim o tempo passa...
Nada acontece.
Só a vida se esvai.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

LEIA MENOS.BEBA MAIS.

Estou sempre em desacordo comigo mesmo. Há de fato uma distância entre meus atos e intenções. No fundo sei que não valorizo minhas prioridades e evito metas ou objetivos de médio e longo prazo. Sempre estou metendo os pés pelas mãos.

No fundo não me importo muito com os livros que tanto frequento.  Sei os limites de todas as filosofias e no fundo 
Sou demasiadamente imediatista.


Sei que não tenho muito controle sobre o meu destino. Além disso, o amanhã é uma incerteza. Melhor cuidar das coisas do agora e me afogar em futilidades. A própria existência é uma futilidade sem qualquer profundidade. Os que cultivam ambições de poder e conhecimento  são patéticos escravos de seus ideias. A cultura não nos liberta. 

Não há redenção.  beba, coma, durma e veja muita televisão.  Quanto menos sofisticados nossos hábitos mais próximos estamos de qualquer felicidade ordinária.

Um dia a gente morre e nada do que fizemos faz diferença. Embriague-se  de instantes. Perca a razão de vez em quanto. Seja estúpido e desprezível. Coma aquele sanduíche de bacon. Não perca tempo. Tudo é urgente e banal.