segunda-feira, 27 de abril de 2015

CRONICA DE UM DESESPERADO

Bebia e fumava, ainda,
Quanto o dia amanhecia.
Muitos devaneios pesavam na fronte
E meus olhos só sabiam da noite.
Não tinha muito a dizer.
Me sentia apartado das coisas.
Sentado a toa
Sobre os meus vazios
Enquanto o tempo passava
Inútil.
Pelo menos tinha cigarro
E bebida.
Isso me parecia tudo

Diante das circunstâncias ruins.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

QUASE INFÂNCIA


De mãos dadas com o ar,
Embriagado e louco,
Corri atrás de uma quimera.
.
Imaginava futuros
Respirava  esperanças.
Esperava alegrias
E um pouco de liberdade.

Mas sabia que o que me  movia
Era apenas um equivoco
De febre e melancolia.
Não há nada a se fazer

Quanto a isso.

ENTRE OS INFORTUNADOS

Tudo que sou é essa ferida invisível
Que nunca cicatriza,
Que me inferniza e me faz delirar.
Essa ferida que se confunde com a vida,
Com o desamor em meus olhos
E com este manso desespero
Que me define a existência.
Não sou destes que tem companhia,
Dos que sonham ou vencem na vida.
Estou entre aqueles
Que se embriagam na madrugada,
Que sempre vivem desventuras
E andam por ai
Com o coração partido.


PRECISO DE ALCOOL

Preciso de um pouco de álcool.
De outra maneira sucumbirei ao tédio
Ou as vontades enjauladas
Que pesam aqui dento.

Lá fora mulheres fumam
Enquanto atravessam a rua
E me acordam a atenção
Por um momento.

Há tanta solidão no mundo
Que as vezes duvido
Dos nossos afetos.

Enfim, preciso de um pouco de álcool.

terça-feira, 14 de abril de 2015

ENCONTRO EMBRIAGADO

A noite começou ruim.
Mas tudo foi ficando pior.
Era obvio um  quase absoluto
Gosto de fim.

Mas que importa?!
Queria saber apenas
Do beijo daquela garota rouca
Que bebia sem ter limites.

Já era dia.
Mas estávamos noturnos
Adivinhando uma lua
No fundo do copo.
Enquanto a manhã dançava noturna
No balé embriagado de nossos corpos.


sexta-feira, 10 de abril de 2015

BEBEDEIRA

Vou beber até que a noite me abrace,
Até que o álcool me rasgue
E todas as vontades se desfaçam
Em absoluto torpor.

Vou beber até que morra o amanhã
E nada mais importe,
Nada mais  me provoque
E não me alucine esta dor.

Vou beber
Como quem morre

Antes mesmo de morrer.

A LÓGICA DO GRITO

A única decisão é o grito,
O explodir de todos os sentidos
No delírio que desfaz de vez
A consciência enferma.
É preciso que tudo
Tenha um fim,
Que a vida prossiga
Apesar de mim,
De todas as paredes e muros.
A única decisão é o grito,
Afogar no grito

Em um definitivo desespero infantil.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

SOZINHO

Vivo do meu querer pequeno,
Do meu café amargo
E sem o peso de qualquer companhia.
Pois existo como rascunho
De mim mesmo,
A margem dos outros e
Dialogando com minha própria sombra
Nos descaminhos da errância e do tedio.


sexta-feira, 3 de abril de 2015

DESENCANTAMENTO

A felicidade sempre me pareceu um capricho infantil,
Uma ilusão pueril.
Sempre preferi viver
Até as últimas consequências
As contradições da realidade.

Hoje é noite,
Amanhã será dia.
Depois não sei.
Pouco importa.
Vou continuar respirando e fumando
Até que não haja mais nada

Para beber.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

DIONÍSIO A CÉU ABERTO

Não terei pudores em me banhar 

na lama alucinado pelo vinho.

Não me iludo com minha condição humana.

Nem tenho vergonha do meu cigarro canabico.


A vida passa muito rápido

E estou sempre perdendo a corrida contra a morte.

Então não terei bom senso ou limites.


Viverei no extremo,

No intenso dos riscos e decepções.

Sei que nada me leva a nada

E por isso sofro

De todas as urgências do mundo.

Acenda logo meu cigarro!!!

Me traga mais uma taça de vinho!!!

  

TARDE CHUVOSA

Assistir a chuva cair

Entre o cigarro e o copo

Até que o tempo me degole...

É o que me reserva

O frio desta tarde.


O corpo adormece

Em pensamentos.

Minhas vontades dormem.


Talvez me visite um bom sonho.

Talvez eu finalmente amanheça


Depois da chuva.