quarta-feira, 30 de setembro de 2020
DESAJUSTADOS
Não admiro pessoas que vencem na vida.
Prefiro aquelas que não se enquadram
Quê se revoltam,
Que gritam,
Quê choram
E xingam,
Consumindo seus dias
Na tentativa desesperada
De vencer a vida.
terça-feira, 29 de setembro de 2020
O DIA DE HOJE
Nada de importante aconteceu no dia de hoje.
As horas tinham gosto de tédio
Nos fatos rasos de simples cotidiano.
Foi um dia banal,
Como tantos outros,
Onde a vida parecia esquecida
Em algum ponto distante
De qualquer passado
Quase feliz
que grita dentro da memória.
Meus olhos perdidos
No simulacro urbano
Sonhavam a noite
No vazio de cada instante.
A noite intensa
De um muito distante dia de Ontem.
Sabia nos números incertos do relogio
O descompasso entre o tempo e meus atos,
Entre o meu e os outros
Nas exigências do horário marcado,
Na intuição de qualquer desencontro.
Não vivi no dia hoje
Nenhuma experiência
Digna do sentimento
Do peso de uma lembrança.
Nada de importante aconteceu
Para afirmar um futuro
Que que me livre
De amanhã acordar novamente
Para um outro dia de hoje.
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
ISOLAMENTO
Faz tempo que não me vejo
Ou me percebo
Entre os outros.
Faz dias que não me cuido,
Que não me importo comigo,
Contra toda forma
De fazer sentido
Entre os mortos vivos da multidão.
Prefiro ser estranho,
Incompreensível,
Em um canto esquecido,
Menos que nada,
Dentro De tudo
Que me define um mundo
Em erosão.
CONTRA NORMALIDADE
Tenho medo de ser medroso,
Canhoto e gordo,
Em uma sociedade de aparências,
Ilusões e ideais de falsa normalidade.
Tenho medo de ser perfeito,
Banal e doente,
No ideal dantesco
Da sua normalidade.
PRAGMATISMO SOMBRIO
Em irrefletido conformismo
Abolimos o futuro,
Aceitamos o aqui e agora
Como rasa eternidade
Para nossa existência finita.
O amanhã já não importa
Para o curto resto de nossas vidas.
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
UM CIGARRO CONTRA O SILÊNCIO
Um cigarro para esquecer o silêncio da boca,
Todas as coisas não ditas e reprimidas?
Um cigarro para entreter a inquietude,
A imaginação e a angústia
De ser e não ser neste instante,
Onde a realidade não basta.
HEDONISMO E MELANCOLIA
Há uma profunda distância entre a vida que sinto é aquela que vivo. Nada comunica meu modo de existir aos meus pensamentos mais intensos.
Chego mesmo a duvidar até que ponto sou este eu que se faz através dos outros e da linguagem como clandestino passageiro de um corpo vivo.
Talvez ele seja apenas uma ilusão produzida pelo pensamento no território incerto da consciência.
Tudo só faz sentido com um pouco de álcool, tabaco e preguiça no desperdício do tempo que me consome, pois pouco me importa o dia seguinte.
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
REVIRA VOLTA
Pode ser que em algum momento eu desista de tudo.
Quem sabe, até mesmo,
Me transforme em outra pessoa.
Mude de casa , de cidade,
De emprego, de família.
Volte a ser quem eu era
Quando tinha 18 anos,
Ou me surpreenda outro
Toda semana
Só prafugirdo tédio,
Do medo angústia
De nunca saber
O que fazer coma vida.
DIA RUIM
O dia amanheceu morto.
todos os fatos estavam podres.
Todos os atos pareciam inúteis,
e qualquer palavra desnecessária.
Apenas o tempo passava,
recheado de tédio.
O mundo não despertava em mim
o mínimo interesse.
Não merecia um verso....
PESSIMISMO
Futuros e sonhos
Que se perderam da realidade
Rescrevem o passado,
O presente e o possível.
A vida ficou reduzida
A estreiteza
De um beco sem saída.
A esperança dobrou a esquina.
Nunca mais deu notícias .
domingo, 20 de setembro de 2020
SONHO E IMANÊNCIA
Os dias passam
Entre tédio, cigarro e rotina.
E a vida segue indiferente, inexplicável e quase ilegível,
Na banalidade dos fatos rasos
E persistências oníricas.
Socialmente inventamos fatos,
Normas e significados
Para administrar o caos da existência.
Mas nada mais faz sentido
Além do desejo e da resistência
Contra o real e o banal da experiência,
Em nome do afeto,
Do imaterial,
De qualquer outro modo de ser
Em devir e imanência.
Nos seduz a intuição
De uma nova terra
Entre o inefável e a matéria.
É nela que se inventa o corpo,
A praia e a areia
Do desconhecido de um mar encantado.
A VIDA NOS MATA AOS POUCOS
Acho que o cigarro mata menos que a vida, que a solidão, a angústia, ou, simplesmente, que o insuportável dia a dia.
Onde apenas sobrevivemos a existência pouco significa e a morte desponta no horizonte como uma esperança de libertação.
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
A TERRA DOS PÉS
Levo uma terra sem nome
No rosto dos pés.
Lugar contra o chão,
Indiferente ao céu
Que reinventa meus passos
Na contramão da cidade.
Sei o espaço aberto
De um chão futuro
Inumano e selvagem.
Sei que em um dia qualquer
A natureza
Nos livrará do pesadelo da humanidade.
Só então será possível
Inventar em nós
Territórios vivos
De absurda liberdade.
domingo, 13 de setembro de 2020
SEM FUTURO
Hoje em dia
A vida segue
E o passado cresce
Sem tempo para o futuro.
Um dia novo nunca amanhece
Na data morta do calendário.
É sempre a angústia do hoje e sempre,
Que nos escraviza ao passado e ao presente
De um tempo estagnado,
Conformado aos limites do possível.
sexta-feira, 4 de setembro de 2020
CONFORMISMO
Não sei dizer
o preciso momento
no qual me perdi da infância
Acabou o encanto,
e tudo virou rotina.
Não faço, mesmo,
qualquer ideia,
de quando comecei a morrer,
e segui conformado
dentro do tempo
indiferente ao futuro e ao mundo,
Sem saber o que é a vida.
.
terça-feira, 1 de setembro de 2020
AUTO RETRATO
Sou o resultado dos meus fracassos,
Dos meus medos,
Das minhas angústias
E decepções .
Sou a sobra daquele outro
Que através do tempo
Nunca se tornou eu.
Sou o esboço,
O eterno rascunho,
Daquele que nunca serei.
Sou provisório,
Anônimo e indigente.
Nada espero de mim
Ou do mundo
Na arte de quase ser eu.
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