terça-feira, 27 de outubro de 2020

2020

 


2020…

o ano da peste e da morte,

da angustia e do isolamento,

no qual todos os dias foram incertos

e a própria existência se fez duvidosa.


Um ano em que o otimismo não fazia sentido

e que o pessimismo gritava a urgência de grandes mudanças.


2020 quase não aconteceu...

SEM ESPERANÇAS

 


Não cultivo esperanças.

Nada espero do mundo

ou da vida

que não seja o raso

e provisório acontecer

de outro dia.


Mais um momento

contra o tédio

dentro do sem sentido

de ser mais um “eu”

perdido entre tantos outros.



segunda-feira, 26 de outubro de 2020

A SOMBRA DE UMA ROSA

 

Sei a sombra de uma rosa

na tarde de um jardim deserto.

Tal imagem grita o vazio,

a ausência de infinitos

nos estreitos limites da vida cotidiana.

Tudo que sei é que hoje

o mundo amanheceu impossível

No morto jardim dos nossos dias comuns.



COMUNICADO

 

 


 

O amanhã foi adiado.

Pois o futuro Entrou em greve.

Estamos reinventando o presente

contra o peso de nossos passados,

contra o desespero cotidiano,

através das angustias e gritos

de nosso atemporal vazio existencial

no grito de um intenso por vir.


sexta-feira, 23 de outubro de 2020

DA PALAVRA A PELE

Dizer a si mesmo,
Falar o mundo e as coisas,
É produzir acontecimentos.
É  ser natureza na ilusão  do humano,
Criar-se contra o próprio rosto,
Desafiar o possível 
No movimento de respirar,
Desfazer o Ser no vento
Que nos percorre,
Que preenche 
Os territórios da vida 
nos afetos da errância,
Na inteligência da pele.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

GARRAFAS E COPOS

Gosto de conversar com garrafas de cerveja, 
Prestar atenção  na opinião  dos copos,
E não  escutar ninguém 
Numa mesa vazia de fundo de bar
conversando com o silêncio
Quê me me habita
Como uma sombra.


A boca do copo
dialoga com a boca de uma garrafa como um beijo molhado
Que me umidece  os lábios.

De gole em gole
Tudo é  dito pelo não dito.





 

FORA DO MUNDO

O tempo do corpo
E o momento do mundo
Nunca se encontram.
Por isso não  leio notícias 
E não  gosto de fotografias.  

Não  quero saber de mim
Ou da vida lá fora. 
Nada me comunica aos outros
Ou me faz legível 
No tempo cotidiano do nós.  

Nada me interessa neste desviver crescente
De um novo capitalismo nascente.





PALAVRAS

O mundo não é  feito de palavras.
Mas as palavras inventam o mundo.

A vida não  cabe nas palavras,
Mas o que seriada vida sem as palavras?

Pode-se mesmo dizer
Que as palavras são  a carne das coisas.
Mesmo que digam apenas
O profundo da pele da combinação  de letras
No corpo de versos e frases.


segunda-feira, 19 de outubro de 2020

DIA INÚTIL

Não  há vida no dia de hoje.
Apenas rotina.
O tempo é deserto.
Não  há poesia.

Antecipo a noite
No vazio da tarde,
Depois do silêncio das coisas
No colo de uma manhã vazia.

A palavra enfeita o nada
Jogada na tela do computador.
Qualquer ocupação  mecânica 
Formata a tarde
Que  adivinha uma noite
Sem qualquer traço de fantasia
Ou alegria

A INUTILIDADE DE VIVER

Viver é  inútil.
Um estado desnecessário da materia.
Mas, também é  um imperativo,
Que nos inventa o ser 
Como vocação do orgânico,
Da natureza na Terra.

Viver não tem propósito. 
É ser no impessoal do mundo
Mais do que si mesmo,
Além de toda consciência. 




sexta-feira, 16 de outubro de 2020

O GRITO DO NOVO BÁRBARO

Ando farto dos atos,
Dos fatos,
E da miséria do mundo.
Quero dançar embriagado
A falência de tudo,
O não  dizer absoluto
Dentro do corpo sem ego
Em festa.
Corpo que sabe o silêncio 
Como música do inumano
Que em grito de natureza
Dentro de mim ainda resta
Na violência que me desperta
Contra a insanidade  cspitalistica.

Quero ser louco
E inimigo da regra,
Entre Apolo e Dionísio,
Contra a miséria de todo platonismo, 
Mercado e disciplina,
Quê sustentam a festa das mercadorias.

Quero viver no vento
Contra o tempo,
A humanidade,
É nosso civilizacional precipício.

O IMPOSSÍVEL DE SI MESMO

Não  chamo de sonho
O impossível do meu futuro.
Chamo de tempo invisivel
De um eu mais intenso
É imprevisível 
Que não  soube o mundo,
Não  coube na vida, 
Mas persiste virtualmente em mim,
Como esboço de um existir mais intenso,
Como algo que me condena
A um sentimento constante
De inacabamento.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

A INUTILIDADE DE TODA PALAVRA

Nada que digo é importante,
Nem prova que tenho juízo.
Minhas palavras não  mudarão  o mundo.
Se quer mereceram a atenção dos meus atentos vizinhos.

Tudo que digo será esquecido,
Sepultado comigo.
Também não espero muito
Das palavras presas nos livros.

A vida não  vale o que é  dito e escrito.
A vida está na indiferença do silêncio.
Troque suas palavras por goles de cerveja,
Escute o que grita dentro de cada silêncio .