quarta-feira, 31 de maio de 2017

SOBRE SEGUIR EM FRENTE

Não posso começar de novo.
Sigo do ponto onde estou,
Inconformado e frustrado,
Condenado ao  passado
Como futuro deteriorado
De tudo aquilo que fui.
Levo uma bagagem pesada,
Sigo para lugar nenhum.
Só sei de onde venho
Caminhando sozinho

Contra o presente momento.

A PRECARIEDADE DO EU




Minha vivencia mais pessoal das coisas diárias tem um gosto amargo de coletivismo. Minhas opiniões não são inteiramente minhas, trazem a marca de influencias diversas, de verdades que me antecederam e razões que não conheço por inteiro.

Assim, em tudo que digo eu sou demasiadamente imperfeito. Pois este eu é em grande medida impessoal, indeterminado e previsível afogado na multidão de eus que nos definem precariamente como humanidade.

O eu é apenas uma prisão estranha que nos faz apodrecer através da linguagem. 

O MAL DAS BOAS INTENÇÕES

Não acredito em moral,
Virtudes ou boas intenções.
O mundo vai mal   devido a petulância dos  
Decantados e aplaudidos idealismos
Que inspiram guerras e assassinatos.
Nada é mais mortal do  que uma verdade convincente,
Considerando que o mundo nunca fez o menor sentido.
Apenas algumas  mentiras sustentam a a virtude das utopias.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

INDIFERENÇA EXISTENCIAL

Hoje amanheci incerto,
Quase transparente,
E perdido em questionamentos,
Silêncios e interdições.
Quase não sei de mim mesmo,
Mas resisto ao não sentido
Que em tudo me define no mundo.
Já aprendi a conviver com o fato
De nada fazer sentido.
Não tenho a pretensão de  ser especial,
Original, ou, simplesmente, autentico.


quarta-feira, 24 de maio de 2017

A ARTE DE BEM VIVER

A arte de bem viver
Pressupõe certa indiferença
Em relação aos fatos.
Nada deve ser levado demasiadamente a sério.
Na maior parte do tempo
Existimos sem qualquer brilho
Atolados em tarefas pequenas.
A arte de bem viver

É aprender a conviver com o tédio.

O ABSURDO DA SOBREVIVÊNCIA

No fundo tudo se resume a luta cotidiana pela simples e imediata sobrevivência pessoal. Não importa suas convicções políticas, o que pensa sobre o sentido da vida, sobre o amor ou a felicidade. Sobreviver é o único imperativo e você fará de tudo para simplesmente continuar vivo.  


Mas o problema é que sobrevivência não se vincula mais a  três refeições diárias , uma boa  noite de sono e outras coisas elementares. Sobreviver tornou-se subjetivo e fútil em sua operacionalidade cultural. Sobreviver é agora sinônimo de vício ou comportamento maníaco compulsivo.  O supérfluo  passou a ser essencial. De modo que  muita gente é agora capaz de matar ou morrer pelas coisas mais absurdas, como um  celular, um dado padrão social, religião, política  e outras coisas frívolas. De modo geral, vivemos em um mundo estúpido, demasiadamente estúpido.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

UMA NOITE RUIM

Há sempre uma noite em que tudo parece perdido,
Em que pensamos em desistir de tudo
Ou encontrar uma forma de fugir da gente.
Há sempre uma noite triste,
Uma garrafa e algumas musicas antigas.
É quando os cigarros queimam de pressa
E nos damos conta de tudo aquilo que passou
 E que Jamais vai ter volta.
Nestas noites nos afogamos em nós mesmos,
E esperamos ansiosos pelo dia seguinte,
Mesmo sem ter motivo.


MENDIGOS GRISALHOS

Mendigos de cabelos grisalhos despertam mais piedade.
Nunca recuso cigarros aos veteranos das ruas.
Geralmente eles guardam uma serenidade incomum no olhar,
Uma indiferença em relação ao destino, a morte
E a sorte,
Que desperta certa inveja.
Gostaria de poder alcançar a mesma indiferença
Em relação a vida social
 A minha própria existência.


domingo, 14 de maio de 2017

BANAL EXISTÊNCIA

O cotidiano seguem em silêncio,
raso e efêmero,
reduzindo a existência
ao fardo das pequenas coisas.
Tudo é tão descartável
que o passado dura um segundo.
Nossas vidas não são dignas de eternidades
pois se realizam no tédio
de um acontecer por inercia.

sábado, 13 de maio de 2017

A DIALÉTICA DOS PÉS E DO CHÃO

Eu era em meu andar cansado
que seguia fora de qualquer caminho.
Sabia apenas o tédio,
o tempo e a melancolia.

Seguia em busca de nada
vindo de algum vazio.
Não havia sentido
em coisa alguma
que me definia a vida.
Meus próprios pensamentos
me aborreciam.,

Apenas existia em meus passos mudos,
no acontecer dos meus pés autômatos
que beijavam ébrios a firmeza do chão.

Seguiam...
ignorando o mundo.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

VÉSPERA DE FÉRIAS


Tudo que precisava era fugir daqui,

Mesmo que por apenas um dia,

Para tentar reencontrar a mim mesmo

E recuperar o sentido das coisas.

Depois disso faria as pazes com a realidade,

Passaria o dia escutando Sinatra,

Tentando inventar uma vida mais fácil

Enquanto minhas certezas esperanças

Desabam sobre o meu cotidiano.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

AMANHECER


Desperto cedo e preguiçoso,

Sem vontade de sair da cama

E enfrentar o diurno.

Sei que o dia não tem nada a me dizer

E ainda tenho um gosto de onírico

Na consciência das coisas

Contra o imperativo da realidade.

Adivinho inercias  através da banalidade dos meus atos

Como se toda existência

Se resumisse em um impasse

Entre o eu e o mundo.

Confuso,

Tento dormir mais um pouco,

Esquecer os enunciados absurdos

Que decoram meu pensamento convulso.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

IDENTIDADE SOCIAL

Inventei uma  grande vida
Para o meu existir pequeno,
Brinquei com o destino
E depois descansei a cabeça
No travesseiro do caos
Demasiadamente acreditando
Em minhas próprias ilusões.
Depois acordei sem rumo
E sem soluções
Com o rosto enterrado na persona

Do meu existir social.

terça-feira, 2 de maio de 2017

DIA PERDIDO

O dia começou pela metade.
Meu café da manhã foi o almoço.

Perdido dentro do quarto
embaralhei as horas
como uma criança descuidada.

O mundo seguia em frente
indiferente as minhas inercias.
Todas as vontades estavam domadas
por uma gigantesca preguiça.

As ruas cheiravam a noite
e fediam a tédio
enquanto nada acontecia.