domingo, 30 de junho de 2019

FILHOS DO FUTURO


O mundo tem pouco a oferecer as almas carentes de poesia, aos  amantes da embriaguez. Afinal, elas exigem muito mais do que a ilusão  de um instante  de eternidade. Precisam de todas as intensidades que potencializam a terra e o corpo. Pois sabem que somos efêmeros filhos de um eterno por vir, inimigos de todos os limites do tempo, do céu e da terra. 

sábado, 29 de junho de 2019

INSATISFAÇÕES

Não  tenho tudo que preciso,
Nem quero tudo que tenho.
Por isso desejo o infinito,
Provar a  alma das coisas,
povoar imaginações com a imensidão do pouco.

Carrego o peso de algumas perdas
E a miséria de muitas conquistas.
Sou por natureza
Um eterno insatisfeito com a vida.

Entre o que tenho e o que me falta
Há sempre a miragem de algo impossível.





FILOSOFIA DA DERROTA

Não suporto a agonia de uma esperança. O desejo de Vitória é sempre inimigo da realidade e alimenta uma aposta sem substância, guarda o veneno da vaidade.

Aceitar uma derrota, uma limitação,  nos permite ir além do jogo de um objetivo. Nos evita o inútil esforço  de apostar no improvável.

Há  sempre um outro caminho, um outro cenário. Nem tudo que queremos possível é  de fato necessário.

As vezes o mais importante é  saber desistir, nos render as exigências  de um momento.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

SOBRE O EU DO DESEJO

Aquilo que quero,
Que espero,
Não necessariamente
É o que busco.
Mas o que sinto
Ou prescinto
Mudo.
É o que me engasga,
Perturba
E transforma.
Sem romper rotinas
Ou desfazer inercias.
É a presença de um outro
Que dentro de mim persiste
Mudando constantemente,
Reinventando em mim o mundo.
É algo quase ininteligível,
Ilegível,
Como um vazio
Que se alimenta de todas as coisas.

segunda-feira, 24 de junho de 2019

CONTRA O MERCANTILISMO


Pode não valer a pena gostar

Agora que o desejo se confunde com o ato de comprar.
Quando tudo que eu gosto tem um preço, é porque desaprendi a querer, amar, e até mesmo a viver.

Tudo que sinto anda um pouco doente.
O que tem preço já não tem valor.
Gostar e gastar alimenta meu desinteresse pela vida...

ENTRE A TRISTEZA DA CONSCIÊNCIA E A ALEGRIA DA AÇÃO

A tristeza é inerente a uma consciência lúcida. Assim como a alegria é intrínseca à experiência do mundo.

Entre consciência e alegria deve existir um equilíbrio. Eu o conheço como embriaguez. Através dela aprendemos o lúdico como medida de todos os nossos atos. 

Quem disse que uma consciência triste nos  impede de ser divertidos? Uma boa tristeza nos faz agir com alegria...

domingo, 23 de junho de 2019

BANALIDADES

Existimos presos à uma época, a um lugar, e recortados por um cotidiano e modo de vida bastante limitado. 

Não é o que somos que nos define, mas o que deixamos de ser ou nunca seremos. A vida é a história dos nossos limites e conformismos. Ninguém é o herói da sua própria história. Somos vítimas do possível, prisioneiros deste grande delírio da natureza  que é a vida.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

FLORES, GUERRAS E MELANCOLIA


Há sempre algo a dizer
Sobre as flores, a guerra
E a melancolia.
Sempre algo a lamentar,
Sofrer,
Qualquer coisa para reclamar.
Existir é uma agonia.
Uma espera maldita.
Aguardamos um futuro
Que nunca chega.
Buscamos rumos,
Definições e conclusões.
Mas há sempre um outro lado,
Um desvio.
Há sempre algo a dizer
Sobre as flores, a guerra
E a melancolia.
O resto é noticia que envelhece
E a gente esquece.
O mundo é sempre uma realidade futura.



sábado, 15 de junho de 2019

O TEMPO E A CANÇÃO

Há mais vida em uma música antiga
Do que em todo futuro da humanidade.

Sei o eco do passado,
O quase nada do tempo presente
E o infinito de uma canção.

Sei que o tempo passa,
A gente acaba,
E o mundo fica.
Nada se explica...

O NÃO SER DA VIDA

A vida que eu queria tinha gosto de selvageria.
Era intensa e sem sentido.
Breve demais.
Acabou nos braços do impossível.

Mas para que serve o tempo?
Do que vale a vida?

Sobrevivi tanto a mim mesmo,
Que agora
Tudo  é tarde demais.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

MUROS


Há muros dentro de nós.
Eles tanto definem distancias
Quanto interdições.

Criam fronteiras,
Exterioridades,
Territórios e tribos.

Os muros separam,
Protegem ,
Nos levam a acreditar
Que lá fora é outro lugar
e que existimos em nós.
Mas é mentira.
Estamos sempre do lado de fora.



quarta-feira, 5 de junho de 2019

FOME EXISTÊNCIAL


Minha fome é metafísica.
Ela é desejo de plenitude
E intensidade da vida.

Quero ser ofuscado pelos dias,
Transbordar a realidade
E me afogar em desejo.
Mas não busco felicidades,
Qualquer ilusão de plenitude.

O interdito do gozo
É o prazer da imaginação.

Viver é ter fome,
Criar a fome,
É ser a fome
Em sensual imaterialidade.

terça-feira, 4 de junho de 2019

A SABEDORIA DA IGNORÂNCIA

Compreender as coisas é aderir a qualquer conveniente mentira coletiva, inventar ordem contra o caos natural, viver   hipocrisias, cultivando o vazio de uma convicção.

Não quero compreender as coisas. Prefiro sentir e viver demasiadamente vertigem do absurdo. Quero ser livre e perdido no delírio manso da imaginação, fugir ao abraço de angústia do mundo, escapar ao poder do vazio da erudição.

sábado, 1 de junho de 2019

DIANTE DO IMPONDERÁVEL


Abraço o inesperado,
O imprevisto,
Tentando fazer da crise uma oportunidade.
Tudo pode ser diferente
Se seguirmos em frente
dançando o imprevisível.

Há sempre uma porta
Para o lado de fora
De qualquer momento.

É sempre o não tempo do intempestivo.
Não faça planos,
não interprete.
Improvise!!
CRIE!!!!