quarta-feira, 30 de novembro de 2022

CIVILIZADOS

Resta-nos agora
apenas o fardo diário
da mais brutal sobrevivência.

Tudo em nós é necessidade
e determinismo.
Somos feitos de fome.
Mas desaprendemos a animalidade,
nos tornamos pequenos escravos
de nossa duvidosa  civilidade,
de nossa detestável humanidade.

Existir nos degrada.
Abandonamos nossos instintos.
Fomos reduzidos a nulidades.
mas, estranhamente,
estamos felizes,
apesar toda vulnerabilidade.


segunda-feira, 28 de novembro de 2022

INÚTIL

Quero ser inútil,
imprestável e inclassificável.

Não quero servir ao Estado,
a sociedade ou a qualquer divindade.

Quero ser inútil,
um atentado vivo aos bons costumes,
a moral dominante,
Aos pactos sociais e aos decretos governamentais.

Quero ser anônimo e inútil
até o último dia da minha existência vazia
e anti histórica.



sábado, 12 de novembro de 2022

A IMAGINAÇÃO DOS SONHOS

Ainda sonho com as rotinas simples
de uma vida pequena
alimentando infâncias invividas.

Não há realidade
fora da imanência dos sonhos
e a vida não é mais 
do que um passado
que nos devora
na confusão entre fato e ficção.

Tudo é incerto, perigoso,
e finito,
quase um delírio.

Ainda sonho com a simplicidade
das coisas cotidianas e perdidas 
Que nos consomem sem deixar lembrança.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

O TRIUNFO DE NOSSA REVOLTA

Nos movemos apertados
Por dias estreitos.

Inventamos nossas vidas
precárias, corrompidas,
e danificadas,
na contra mão do mundo civilizado.

Neste tempo de injustiças,
Não somos heróis ou vítimas,
Mas inimigos do progresso.

Somos aqueles que desafiam,
que resistem,
que não aceitam,
o futuro que nos oferecem morto.
Temos fome de vida.


Queremos o sangue dos ricos,
um mundo livre do Capital,
transfigurado pelo espírito de rebelião e rebeldia.


Amanhã tudo será de todos,
A liberdade esmagará toda autoridade,
seja da terra, seja do céu,
no triunfo de todas as lutas
Na apoteose da mais radical rebeldia.


quinta-feira, 3 de novembro de 2022

HORA DO ALMOÇO

A vida fechou para almoço.
Por uma hora vamos fazer de conta
que não odiamos o mundo,
a cidade, o Estado,
e o universo.

Vamos fingir que não sabemos
que deus  não existe,
e a morte é apenas  silêncio,
em um buraco escuro e sem fundo,
onde um corpo se desfaz.

É hora do almoço,
para os que tem o que comer,
para aqueles que, apesar de tudo,
ainda acreditam no futuro
e ignoram que a morte
também tem fome
de sangue e de carne.

É hora do almoço.
A vida parece boa.
Mas ela não  é...