Tenho uma casa sem muito conforto. Todas as
noites ela me abriga contra os espaços abertos da cidade, contra os outros.
Mesmo assim, tendo a toma-la como uma extensão do espaço social urbano e não
propriamente como um lugar de refúgio e privacidade. Vejo meu pequeno apartamento como uma
cela. No fundo, essa é a função que ele cumpre em minha rotina de cidadão
produtivo.
Seja em casa ou na rua, não sou mais do que
um prisioneiro em minha própria vida. Afinal, não determino meu modo de
existência, mas procuro, da melhor maneira possível, me adaptar as falsas
opções que o meio social oferece e exige como resposta.