quarta-feira, 25 de novembro de 2020

NOVO DIA

 

A vida segue caótica,

sem rumo ou esperança

para o consensual abismo

das certezas vigentes.


É dia de novo.

O sol morreu e se levanta

contra a realidade humana

através do não sentido do mundo.

UMA FESTA PARA O FIM DO MUNDO

Fosse hoje o fim do mundo,
Daria uma festa
Para receber com alegria
O desfecho trágico da fantasia
De nossa desprezível humanidade.
Pois sei que a natureza,
Os animais da floresta,
Sobreviveram
Ao colapso da história e do homem e o fim do nosso mundo
Seria o início de outro mundo possível .

domingo, 22 de novembro de 2020

A REBELDIA E SEUS MISTÉRIOS

Rebela-se aquele
Que diz um grade não  ao tempo presente,
Quem não  perpetua o o passado
E não tem futuro algum
Diante de si.

Rebela-se quem sabe a margem,
O improviso e a fragilidade 
De nossa estranha e cotidiana realidade.

Rebela-se quem sabe o silêncio do mundo
Diante da vida que nunca viveu.

Rebela-se quem bebe o impossível
E fuma a esperança
Admirando as estrelas do céu. 

PROGRESSO E HIPER REALIDADE

É  cada vez mais difícil acreditar no mundo,
Na verdade fabricada,
Reproduzida coletivamente,
Por nossos ritos cotidianos,
Pela espetacularização  midiática
Da vida e da morte
Quê esmagam o corpo.

Somos cada vez mais persuadidos pela onipresença do absurdo,
 Por qualquer ilusão  racional pós  iluminista, 
De qualquer matriz civilizacional colonialista.

A vida não  cabe mais na realidade produzida
Por nossas ilusões coletivas
No aqui e agora de nossas eternas angústias.


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

VIVER DÓI

A vida dói no corpo
Como necessidade,
Como fome,
Limite e precariedade, 
Dentro de um mundo
Que nos mastiga
Através do tempo,
Do céu,  da terra,
E da imaterialidade
Das convenções  sociais.
Viver sempre dói...
A dor define o passado,
O presente e o futuro.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

TABAGISMO

Fumo demais.
Além da ansiedade,
A verdade é  que pouco
Me importa a vida,
A velhice ,
O vigor físico, 
Quando sei que sou perecível,
Degradavel e esquecível.
Tudo leva ao nada
E não  vale o efêmero prazer
De um cigarro.

NOVO COGITO

Prefiro a cópia ao original,
O digital ao presencial,
O simulacro a realidade.
Pois sei a hiper realidade
Da vida como um banal espetáculo.

Signos e símbolos 
Reinventam as coisas
Em sua radical imaterialidade.

A mentira , agora,
Importa mais do que a verdade.
 Já não  penso onde sou 
Mas sinto onde existo
Desfeito em meio ao fluxo de imagens,
Ao duplo do mundo dentro Da tela 
Além do jogo da representação. 


terça-feira, 17 de novembro de 2020

ERRO

 

Sei o erro.

Sou imperfeito,

incompleto,

ignorante e ignorado

por mim mesmo.


O erro é meu estado de ser,

de esquecer,

de nunca saber

o que reconheço

no espelho.


segunda-feira, 16 de novembro de 2020

INDETERMINAÇÃO

 

Nada mais nos diz territórios,

identidades.

Já não vivemos de verdades

ou destinos.

Não sabemos permanências.

Tudo é incertosno desafio

de qualquer futuro possível

e cada vez mais urgente

contra um amanhã distópico.



sábado, 7 de novembro de 2020

MAIS UMA BEBIDA

A vida segue sem brilho ou sentido
Nas garras do tempo.
O amanhã acontece
Em queda livre
Dentro de nossas expectativas
E sem futuro pedimos mais uma bebida
No balcão do presente.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

O NADA COMO IDEAL DE VIDA

Meu sonho é  reduzir devez a existência
Ao exercício do nada.
Acumular silêncios, 
Preguiças, 
Até  alcançar a sabedoria das árvores.

Imagino dias perdidos
Desacontecendo no tempo
Até  o limite do inútil.

Não há o que fazer neste mundo.
Nada a dizer, querer
Ou esperar.

A vida passa sem sentido 
Na produção  do esquecimento.
Os dias são  feitos de tédio.