sábado, 31 de outubro de 2015

A VIRTUDE DOS FRACASSADOS


Sou movido por uma inquietude
Que me embriaga todos os dias.
Sou feito de curiosidades,
Desesperos e questionamentos.
Estou sempre embriagado
Remoendo a existência
Em busca de respostas
A perguntas erradas.
Nãou destes que podem dar certo.
Sou esperto demais para ser bem sucedido
E me adaptar a uma sociedade de semi moribundos.
Meu destino é o abismo,

Os nervos da tempestade.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

ESPIRITO ERRANTE

Sou destes que se perderam da sorte
E seguem em frente por um cigarro
E um pouco de bebida.
Não estou entre os homens domesticados
Por suas limitações de espírito
E pelo crivo da sociedade.
Sou livre e desafiador de mim mesmo.
Não tenho limites,
Sou feito de pensamentos, gritos
E tempestades.
Desfeito e refeito em ventos
Sigo em tumultos pela vida a fora,
Não me queiram bem,
Nem mal.
Apenas me esperem longe,
Distante de suas pobres imaginações.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A DECADÊNCIA DA BOEMIA

Os bares  já não são os mesmos.
Porque as pessoas mudaram.
Já não bebem com Dionísio,
não transformam as horas
em vivências líricas etílicas.
Bebem sem sentimento,
Pois se embriagam como artifício
Para escapar sem rumo
a rotina,
a embriaguez tornou-se rasa,
medíocre e sem propósitos
desde que a vida deixou de viver.
Não temos mais sonhos para proteger.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

ROTINA DOMÉSTICA

Todas as noites
chegava em casa
depois de um dia vazio,
fechava a porta
e esquecia o mundo.

Ficava ali
frente a frente
com meus escombros
mais íntimos,
jogado na cama
contemplando o teto,
adivinhando o próximo ruído
que me perturbaria o silêncio.
Fosse a torneira pingando,
a buzina de um carro distante,
ou a frase solta de um dialogo qualquer
na rua de traz.
Era impossível me sentir realmente sozinho,
ter um pouco de paz.

Isso era um grande problema.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O TÉDIO E O ÓCIO

Não vejo mais grandes distinções
entre o trabalho e o ócio.
Tudo é rotina,
repetição vazia de absoluto tédio.

Não importa o quanto bebo,
se me divirto ou choro.
Meu ócio não é diferente
do meu trabalho.

A vida deixou de viver,
acontece a deriva
realizando o simples passar dos anos.

Nada acontece.
Beber já não me leva
a evasão dos fatos.
 Mas ainda é melhor
morrer de vodka

do que de tédio.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

NÃO ME DIGAM COMO VIVER

As pessoas costumam falar sobre boa alimentação e vida saudável como se nunca fossem ficar doentes  ou morrer um dia. No fundo buscam apenas que seus corpos e sua aparência espelhem todo  ideal de vaidade que cultivam.

Mas a busca por uma dieta e hábitos saudáveis não passa de um belo engodo. Ninguém vai ser mais feliz porque se fartou de salada no almoço e evitou um belo e suculento bife com fritas. Uma silhueta esbelta não significa lá grande coisa, só diz que você é um pobre coitado escravo de regras rígidas de conduta e uma vida de sacrifícios.

Prefiro me acabar com cigarros, álcool e muita comida gordurosa enquanto posso. Não me importo nem um pouquinho com  o que a sociedade me diz que é bom ou ruim. Assumo meus próprios riscos e sei muito bem como quero levar a porra da minha vida.  


terça-feira, 20 de outubro de 2015

A SABEDORIA DA MONTANHA

Hoje à noite
iremos fumar maconha
e beber todas
ali no cume daquela montanha.

Como assim não existe a montanha?

Ela existe, quando você pensa;
mas pensa tão fundo,
que a cabeça inventa!

Hoje a noite,
na hora certa,
você saberá a montanha...


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

DEPOIS DA FESTA

Quando cheguei
As garrafas já estavam secas,
As vozes afogadas
E a festa agonizava no vazio de cada rosto.
A diversão nunca dura o suficiente...
Sempre acaba em exaustão e decepção.
Os excessos nos redimem,
Mas sempre nos matam um pouco.
Não havia perdido nada.
Tinha sido apenas mais uma festa banal
Onde as pessoas se desencontram.


DEIXEM A PORTA ABERTA

Deixem a porta aberta.
Hoje chegarei mais tarde,
aos pedaços,
depois de me desencontrar
de mim mesmo
em um canto escuro de bar.
Vou dançar a ultima dança
com a louca da noite passada.
Deixar que ela me roube cigarros
e talvez toda vaidade.
Viverei como se fosse hoje
minha última noite sobre a terra.
Deixem a porta aberta.
Mesmo que eu não volte mais,
deixem a porta aberta.


domingo, 18 de outubro de 2015

FILOSOFIA DA RESSACA

Acordar sem vontade para o dia seguinte depois de um porre é uma experiência pedagógica. Através dela nos deslocamos um pouco de nosso ego e do vazio de nossas rotinas. Nos sentimos abaixo da própria vida.

Mas as coisas se fazem mais claras em nosso mau estar. Retiramos da realidade o véu do otimismo e da boa vontade e encaramos a existência   como ela realmente é: frívola e sem sentido. Vivemos envoltos  em caos e carências.


Considero o estado de ressaca uma forma de esclarecimento sobre os limites do que nos é possível viver. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

VELHOS QUIXOTES

Por onde andam hoje aqueles antigos sonhadores,
Nossos destemidos arquitetos de castelos de areia?
Por onde andam aqueles lunáticos
que pouco sabiam do mundo
E vagavam  por ai
Embriagados de estrelas?
Desistiram de mudar a vida,
Alguém me disse outro dia.
Deixaram-se por ai perdidos
Em qualquer canto anônimo e escuro.
Continuam vivendo,
Mas já não guardam esperanças
Nem  certezas nos olhos.
Perdidos do futuro
vivem  apenas de migalhas da realidade,
angustiados , porém,  conformados.
Hoje já não sonham, aqueles bravos inconformados.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

CUMPRINDO METAS

Eu me afogava na madrugada sem pensar em nada .
Tudo que importava era secar aquela garrafa de uísque
Antes do nascer do sol.
Era minha meta,
Meu sentido da vida
Naquele momento.
Não pense que era uma tarefa fácil.
Tinha feito a mesma coisa na noite passada.
Cada trago hoje descia forçado.
Mas eu não iria desistir.
Estava determinado.
Tinha um objetivo.
Todas as pessoas precisam de um objetivo.
Havia algo de absurdamente metafísico
Na minha relação com aquela garrafa de uísque.
Não fazia aquilo pelos aplausos,
Mas apenas por mim mesmo,
Pelo desejo que me despertava

Aquela garrafa de uísque.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

DESÃNIMO

As incertezas decoram o café da manhã
enquanto luto contra Inercias e sonos
para me manter de pé.

Resisto as vontades horizontais,
aos apelos da gravidade
investigando meu umbigo sem fundo.

Não será um bom dia.
eu só penso na hora
de voltar para cama
e esquecer tudo de novo.


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

HERANÇA

Não espero mesmo algum dia sentar a mesa com gente de boa índole e roupas caras para degustar uma comida sem gosto e conversar sobre trivialidades. Gosto da liberdade de ser vagabundo, de não ter status e nem me preocupar com o que os outros pensam ou dizem sobre mim.


Estar só é uma das condições da liberdade. A gente aprende isso depois que envelhece, depois que bebe o suficiente para não esperar muito de coisa alguma. Para os mais jovens isso será um pouco indigesto. Mas não espero mesmo que eles me escutem. Eles tem seu próprio futuro para perder.

MINHA PREGUIÇA


É bom dormir até mais tarde
Enquanto o mundo segue
E fede
Sob suas próprias ruínas
De viver ordinário.
Não se importo com nada,
Nem mesmo consigo dormir direito.
Este quase silêncio já era o bastante.
Brinquem de vida adulta
Que me basta esta cama.façam o que quiser,
Acabem com o mundo.
Só não me incomodem.


FIM DE NOITE

Meu objetivo era escrever qualquer coisa que me arrancasse daquela agonia, daqueles dias desgovernados de tédio e silêncio. Estava tendo uma overdose de mim mesmo. Beirava o desespero em minha aparente apatia.

O passado não mais se distinguia do presente. Os fatos estavam suspensos no tempo. Já não sabia quem eu era agora. Não Haia tempo. Apenas meu corpo e um copo a conversar com meu cérebro.

Escapava-me a escrita. Os pensamentos sopravam como um vento bravo que se espalha por todas as partes.

O fim sempre chega cedo demais.

domingo, 11 de outubro de 2015

A SOLITUDE DOS BARES

O bar é sempre o último refúgio dos solitários,
É onde a gente se senta para pensar,
Para não estar mais dentro da gente
E observar a vida passando
Entre uma cerveja e outra.
O bar é uma espécie de exílio
Onde se rabisca alguns versos sujos.
Nele a noite nos abraça
E tentamos esquecer de tudo.
A cidade inteira deveria ser feita
De bares.
Mesmo assim não seria o suficiente

Para confortar tanta gente perdida e vadia.

sábado, 10 de outubro de 2015

MANHÃ DE SÁBADO

Havia muito sol naquela manhã. Foi impossível ficar deitado até mais tarde com toda aquela luz entrando no quarto e me perturbando as ideias. Então levantei, ascendi um cigarro, depois outro, e fiquei ali sentado na beira da cama sem fazer nada. Apenas sentia que era dia e isso não significava nada para mim.

Não perderia meu tempo arrumando a casa ou com visitas ao supermercado.  Também não atenderia a telefonemas se alguém, por um milagre, cometesse o destempero de ligar pra mim. Estava bem ali, esquecido do mundo e cultivando minha preguiça. Pouco me importava se o mundo ainda existia lá fora.
Mas depois dos quarenta fica mais difícil manter a rotina de um adolescente. Principalmente porque a vida já não te acompanha mais. Continuar no ritmo equivale a desistir de tudo. Mas o que mais eu poderia esperar?


Um belo fim era tudo o que me aguardava. Eu tentava antecipa-lo constantemente em meus pensamentos. Mas não conseguia predize-lo ainda.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

TENHO CIGARROS!

Tenho cigarros hoje.
Meus companheiros que enfeitando
A boca,
Decoram o silencio
Que me devora por dentro.
Segue um cigarro atrás do outro,
Tento perpetuar o ato de estar aqui,
Sozinho,
Simplesmente fumando,
Enquanto tento digerir a vida.
Por favor,
Não me interrompam.
Deixem que eu contemple o tempo
Perdido nos labirintos do meu pensamento.
Sigam suas vida tolas.
Vou ficar por aqui fumando.
Me basta a companhia deste maço
Que quase já está terminando.


AS ARTIMANHAS DO EXISTIR HUMANO

Enquanto a  existência permanecia
como um fato incerto,
buscava apenas o mínimo ideal
para sobreviver aos outros
e as mazelas cotidianas.
Não era uma boa vida.
Seguia em frente
sempre com a corda no pescoço
 e esperando o pior.
Havia aprendido a não criar expectativas,
a não levar nada demasiadamente a serio
e suportar dias ruins.
O resto das pessoas não tinha
uma situação melhor do que a minha.
Apenas tinham aprendido a mentir
para si mesmas,
a viver como se fossem perfeitas,
como se levassem uma vida sem contradições.


terça-feira, 6 de outubro de 2015

BEBER E FUMAR

Gastava o tempo bebendo
E esperando que qualquer coisa acontecesse.
Assim o fazia porque nada lhe parecia possível.
Os pássaros podiam voar,
Os gatos podiam miar,
Mas a vida lhe parecia impossível
De outro jeito qualquer.
Restava beber e fumar
Com aquela fome nos olhos.
Talvez, em alguma hora qualquer,

Fosse finalmente outro dia.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A NOITE DE SÁBADO ATRAVÉS DA JANELA

Debruçado sobre a  janela
Vejo as pessoas passando sorridentes  na rua.
É noite de sábado e todos parecem buscar
O que para mim já se revelou impossível.
Caçam por todos os lados
Qualquer migalha de diversão.
Aceitam quase tudo que lhes oferecem.
Tento sentir por elas
Alguma compaixão.
Mas não consigo.
Não me importo.
Só quero saber quantos cigarros

Ainda me restam.

domingo, 4 de outubro de 2015

EM NOME DA SOBREVIVÊNCIA

Um pouco de decepção e sofrimento é o melhor remédio contra as ilusões.
Quanto menos esperamos da vida, mais entendemos como ela funciona.
São os sonhos e expectativas que geralmente estragam as coisas.,
Que nos atrapalham e nos levam a perder tempo com o inútil dos ideais.
Não vivemos em um mundo perfeito e nunca viveremos.
As coisas sempre  ficam mais difíceis, goste você ou não.
O melhor a fazer é não se importar e tentar sobreviver,
Manter seu próprio rabo fora de perigo.
Isso já é suficientemente difícil,

Nosso cotidiano heroísmo possível.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

FIQUEM LONGE DE MIM!!!!!

Mesmo quando pequenas, as aglomerações humanas  me causavam algum tipo de asco. Detestava pessoas, o barulho que faziam, o teatro do gestual, suas roupas, seus interesses e todo aquele ilimitado artificialismo que define o teatro do mundo.
Submetido a experiência de estar em meio a ocasiões sociais  só pensava em acender um cigarro e buscar uma bebida. Mas nem sempre era possível.


Só conseguia suportar as pessoas quando elas estavam embriagadas e revelavam sem pudor quem realmente eram no mais baixo da confusão humana. De fato, estou convicto que há algo de profundamente decadente na humanidade. Somos animais doentes. Um bando de insanos masturbando utopias, cultura e egocentrismo. Tudo, no fundo, se resumia a isso.