quinta-feira, 28 de abril de 2016

PESSOAS E BEBEDEIRA

É  preciso tomar cuidado com as pessoas.
Elas não  se confirmam em seus próprios enunciados,
São toscas versões  de si
Diante dos imperativos do mundo
E do trato social.
A hipocrisia  faz parte do inconsciente
E ninguém percebe o quanto
Pouco conhece de si.
A sociedade não  passa do conjunto imperfeito de indivíduos problemáticos.
Sugiro que você  consuma grandes quantidades de álcool para lidar com isso.

MUDANÇAS

Muitas vezes a mudança
Significa apenas
Seguir em direção  ao pior
Na estabilidade  do sempre igual.
A ideia de progresso
Não  passa de uma conveniente ilusão
Para mentes obtusas.
É  sempre mais conveniente
Construir os piores cenários,
Não  ter expectativas.
Afinal,
Não  importa o que você  faça
Tudo vai acabar um dia
E não  temos a palavra final
Sobre nossas  próprias  vidas.
O melhor a fazer
É  pedir mais uma bebida.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

DEPOIS DO TRABALHO

Uma bebida
Depois do trabalho
Para esquecer a rotina,
Para suportar a noite
E esta necessidade de esquecer...
Acordarei  vontades
Dentro da madrugada.

De tanto beber

Pode ser até mesmo
Que eu finalmente amanheça.

terça-feira, 26 de abril de 2016

O DIA DE HOJE

O dia de hoje
Não  teve nada de especial
Como  a grande maioria dos dias.
Não  me lembrarei dele.
Foi puro tempo perdido
Nesta minha existência
Que não  se resolve.
Amanhã,
Talvez ele aconteça  de novo
Como quase sempre acontece.

domingo, 24 de abril de 2016

A MARGEM

Preferia ficar por aqui,
A margem dos dias
E esquecido por todos.

Me sinto feliz fora do jogo
Soterrado em meus passados
E afogado no vazio de agora a pouco.

Por tanto,
Esqueçam  que eu existo.
Bebam alguma  coisa
E, caso seja possível,
Ponham fogo no mundo.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

O IMPERATIVO DO TÉDIO

Nada era suficiente  naquela manhã.
A vida apenas seguia em frente,
Como sempre,
E não  precisávamos  de qualquer explicação.

Domesticado,
O cotidiano não  oferecia
Nenhum grande  desafio.
Nem precisava fazer sentido.
Mas nada era suficiente naquela manhã.

Ninguém  estava procurando chegar a parte alguma,
Só  precisávamos beber um pouco
Para suportar a rotina.

Não era uma boa época
E nem o melhor dos mundos.

terça-feira, 19 de abril de 2016

UM POUCO DE REALISMO

Apenas  veja as coisas acontecerem,
Sentindo o tempo acabando aos poucos
Com a gente.
Não se preocupe com o futuro
Dos outros.
Há apenas vozes quebradas inventando diálogos falsos
E aumentando o silêncio entre as pessoas.
O mundo já não significa grande coisa
No lugar onde viemos.
Nada é muito importante.
Procure viver de sua própria realidade,

Não sonhe com o s outros.

MADRUGADA

Era ainda madrugada
Quando tudo
Que eu mais precisava
De um dia seguinte.

Sofria algumas urgências,
Dilaceravam-me pendencias
Existenciais e concretas.

Os fatos rejeitavam
Todas as minhas soluções.
Era cedo de mais
Para qualquer coisa.

Estava enterrado
Naquela madrugada

Aparentemente infinita.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

VIDA

Vivo  de alguns enganos,
Duvidas e descrenças.
Ando  um passo a frente
Da realidade,
Sempre fugindo
De alguma eminente
Desgraça.
Sei que um dia será tarde demais.
Mas hoje ...
Hoje é tempo vivo e urgente
Para meus desatinos e agonias.


terça-feira, 12 de abril de 2016

ARREPENDIMENTOS

Minha vida merece longas notas de pé de página para explicar tudo aquilo que não faço a menor ideia de como aconteceu. Há muita coisa dais quais me arrependo. Coleciono arrependimentos. Não tenho orgulho de como vive a vida dentro do possível das circunstâncias. Mas não poderia ser outra pessoa, com outros defeitos e outras soluções. Os erros dão certo porque são inspirados por alguma circunstancial convicção, alguma sensação de verdade que nos impulsiona em direção ao equivoco. O erro é a realização de uma verdade que não deu certo. Muitas pessoas passam  a vida inteira enganadas por certas verdades.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

VONTADE

Posso ver minha vontade
De pé
Na outra extremidade
Do quarto.
Ela me parece doente
Ou, talvez,
Estranhamente lucida,
Entre nós existe um impasse,
Uma espécie de ausência de mundo.


sexta-feira, 8 de abril de 2016

PROBLEMAS E COTIANOS

A noite estava quente.
Eu não tinha dinheiro
E uma quase infinita serie
De cotidianas pendências
Me roubavam o sono.

Já fazia algum tempo
Que eu não vivia.
Tudo era aquele sentimento
De tédio,
Aquela bebida barata

E absoluto silêncio das coisas.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

SOCIABILIDADE

Não levem em consideração
Minhas piores opiniões,
Meus sentimentos ralos
E minhas vontades excêntricas.

Não sou perfeito
E desde o início
Estou condenado
Ao engano e ao erro.

Como todo mundo
Tenho meus caprichos,
Desatinos e ansiedade.

Não me tomem como exemplo,
Não me façam elogios.

Apenas me suportem.

PALAVRAS E PORRES


Enquanto o dizer das coisas
Acontece no definir do mundo
Me faço embaralhamento de sentimentos
E acasos
Rasgando a palavra pragmática
Perdida na hora do almoço.
Estou a margem dos fatos,
Inerte no fundo do meu rosto,
Esperando  uma dose de qualquer coisa
No raso de um bar imundo.


terça-feira, 5 de abril de 2016

SIMPLICIDADE

Não quero saber do mundo.
Estou farto da humanidade
e dos desatinos das épocas.
Tenho apenas minha própria vida,
minhas vitórias, derrotas
e faltas.
Deixem  –me em paz .
Sou feliz em meu viver pequeno,
neste quase nada de ser
que tão pouco me esclarece.

Nunca esperei grande coisa.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

MINIMA MORADIA INTIMA

A maioria das coisas que acontecem no mundo não me diz respeito. Tenho aprendido a virtude de certo egoísmo existencial e intolerância com o socialmente dado. Sei que habito apenas a extra territorial da linguagem, a realidade que dentro de mim invento como poesia e aforisma. O mundo não cabe em mim e nem me define.

La fora os bares estão abertos e desconhecidos se encontram em todas as partes desenhando  o pueril e efêmero do dia a dia.