O GRANDE FRACASSO DA REALIDADE

Que grande piada

Se tornou o mundo

Frente aos nossos permanentes questionamentos?

Nenhuma critica

Dá mais conta do absurdo

Que cotidianamente nos inventa.

Hoje não mais vivemos.

Somos  apenas silencios e simulacros.

QUASE UTOPIA

Talvez em um dia muito distante,

A liberdade se torne um fato

E um sorriso banal e tedioso,

A regra básica de nossa sociabilidade.

Talvez um dia enxerguemos uns aos outros

No além dos rótulos e de sociedades.

Hoje em dia a diferença

Se tornou mais importante

Do que a igualdade.

A REVOLUÇÃO DA EVASÃO

O FUTURO É A MORTE.

O PRESENTE O DESAFIO

DE IMPOR AO MUNDO

NOSSA PRÓPRIA SORTE

EM ACASOS DE LIBERDADE.

PROTESTAR É FUGIR DO MUNDO

E AFIRMAR A ARTE!

UM CIGARRO COMO COMPANHIA

Precinto o impossível

Em minhas vontades desfeitas

Frente as ponderações

Do mais cotidiano absurdo.

Não sei o que quero

Ou do que preciso.

Mal percebo o que sinto.

Espero apenas

Que um cigarro abrande o tempo,

Aqueça meus esquecimentos

E me faça suportar o mundo.

Preciso apenas de um pouco de torpor .

VONTADE DE LIVROS

Tenho fome de vida,

De qualquer coisa aquém

E além do mero cotidiano.

Tenho vontades de livros,

De sonhos,

Desejos

E liberdades

Que não cabém

Na minima realidade

Do teu pequeno mundo

De papel, razões de Estado

E falsas verdades...

DIÁLOGOS

Ponha de lado

Nossos diferentes pontos de vista.

Esquecerei tudo aquilo que ouvi

Se você esquecer o que eu disse.

Já estou farto de tantas bandeiras

E opiniões.

Vamos tirar a roupa

E passear ao meio dia

Pela avenida central.

Não importam as divisas de opinião

Que nos separam.

Nossos corpos não são feitos de ideias.

ALÉM DO ROSTO

Sei que não sou o rosto

Que me surpreende no espelho.

Sou mais do que a aparência cansada,

Que o olhar vazio

E a vontade quebrada.

Sou mais que os dias,

Do que a agonia absurda dos fatos.

Sou meu grito e minhas vontades.

Minha verdadeira face

É o vazio que me define

Nos olhos dos outros.

ANGUSTIA

E tudo subitamente

Se fez  interrogação e silencio

Enquanto a noite acordava

A desesperada vontade

De  algo diferente,

De qualquer coisa

Que não fosse a angustia

De inutilmente escrever em vermelho

Meu desejo

Nas paredes cinzas do cotidiano.

DA ARTE DA VIDA

Nunca levei uma vida

Das mais perfeitas,

Destas que se planejam

Ou despertam respeito

No trato social.

Evitei chegar a qualquer conclusão

Sobre mim mesmo

Inspirado por qualquer selvagem

Necessidade de liberdade.

Estou sempre desmoronando

E me refazendo

No precário de cada instante.

Não esperem de mim soluções.

SOBRE OS BONS VAGABUNDOS

Em uma sociedade de fé,

Falsos valores e artificialismos

De regras e padrões,

Apenas os errantes vagabundos

Ainda são tão inocentes de sociedade

Ao ponto de não conduzir

O peso de nenhuma culpa.

CONTRA MORAL

Recuso a ilusão do mundo

Dos bem sucedidos,

Dos que escrevem na roupa

Qualquer ilusão idiota de felicidade

E comem o futuro durante a tarde.

Sou daqueles que inventam noites

Contra qualquer ilusão de fé

E metafísicas de regras e verdade.

TODOS OS DIAS

Todos os dias acordo

Para continuar rotinas,

para seguir mecanicamente

na contra mão de sonhos

e vontades íntimas.

Todos os dias

Fico mais distante

De mim mesmo.

Todos os dias...