terça-feira, 31 de julho de 2018

A VOZ DO SILÊNCIO

Através de uma palavra e outra deixo escapar a verdade do meu silêncio. O não dito importa mais do que o manifesto e exposto na tagarelice do jogo social.

O essencial, afinal,  está no  além da comunicação. Há uma mudez que revela as coisas, uma intuição que desvela no além do agora o tempo da simultaneidade de todas as coisas vivas e inanimadas.

Deixo crescer meu silêncio para escutar o desconhecido de mim mesmo.

ALEGRIA EMBRIAGADA





Um pouco de inconsequência me inspira pequenos desafios.
Falo da inferência que não condiz com um raciocínio lógico,
Que brota de pensamentos encharcados de tequila.
Sim meus amigos, falo da vida nua e crua da embriaguez risonha,
Dos momentos soltos que decoram o efêmero e acordam a existência.
É, afinal, saudável provar da alegria sem sentido e despretensiosa dos embriagados,
Descer dos degraus da seriedade para provar a intensidade da Vida!


segunda-feira, 30 de julho de 2018

O VAZIO DESTE INSTANTE



Acordei na imaginação de passados.
Nenhuma ilusão de futuro me inspira as horas.
Nem mesmo espero que o dia termine em silencio e sono.

Quero a intensidade dos instantes,
As oscilações das vontades,
Contra todas as certezas do cotidiano.

Estou livre do verdadeiro e do falso.
Tudo para mim não passa de simulacro.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

INDIFERENÇA

As sobras dos meus desejos espantam o dia seguinte e minhas vontades não cabem no mundo. Mas nem por um segundo penso em desistir de tudo. Não há do que abrir mão. Não gozo se quer da dignidade de ter fracassado, pois nunca busquei coisa alguma. Tudo que me define é minha indiferença diante do mundo.
Sou destes que vivem sem rumo e se perdem para se encontrar....

sexta-feira, 20 de julho de 2018

ENQUANTO A VIDA NÃO DÁ CERTO

Enquanto a vida não dá certo,
 vivo de alguns erros,
 de profundas vontades e sonhos rasos.

Existo no fundo do copo de uísque,
Me consumo no cigarro,
Abominando o mundo.

Sei que nada dura para sempre.

MADRUGADA INSONE



Enterrado vivo nas horas mortas
Sofro de ansiedades noturnas mergulhado em insônias.
Nada, então, parece mais distante do que o dia seguinte.

A vida adensa em angustias e incertezas
Mas algo dentro de mim desenha horizontes e possibilidades.
Abro uma cerveja e converso com a lua e as estrelas
Enquanto a vida escorre nervosa do teto pelas paredes do quarto.


TÉDIO E PREGUIÇA


Tenho vontade de inercias.
Nada me inspira a enfrentar a rotina.
É apenas mais um dia,
Banal e cotidiano.

Sei que me esperam horas vazias.
O mundo acontece lá fora sem brilho.
Tudo desperta em mim tédio e preguiça.

Prefiro dormir,
Preciso esquecer.
A existência me pesa no corpo.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

NOITE E DIA

Basta saber um canto para dormir.
Depois do vazio de um dia inteiro,
É preciso dormir.
Sem conforto,
Sem esperanças...
Apenas dormir.
Esquecer.
Acordar talvez.
Até que tudo se torne impossível,
Que o sono se torne definitivo.
O dia nascerá sempre novamente
Inventando novas ausências.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

QUASE NADA

Aprendi a valorizar os atos pequenos e cotidianos,
Os gestos mais simples e sem importância.
Deles é feito este fluxo de acontecimentos,
De sensações e emoções descontínuas,
Que substanciam a existência.
A vida é feita de quase nada.
Mas isso é tudo que importa.
O momento é feito de uma cerveja
E alguns pedacinhos de queijo.

terça-feira, 17 de julho de 2018

A IMAGINAÇÃO DO OLHAR

Os olhos colhem o impossível do céu.
Buscam aquela abstrata percepção que transcende a imagem,
Que antecipa o sonho
No prazer da paisagem.
Os olhos percebem o impossível.
Investigam segredos que a noite abriga
E que decoram o dia como um destino.
Os olhos sabem o invisível
Que define todos os lugares.

REFLEXÃO INÚTIL

Pensando sem pressa na trama dos dias evito qualquer conclusão.
Tudo está sempre em aberto e sem solução.
Os fatos seguem sem rumo,
Os significados são fluídos.
As certezas de hoje apenas alimentam dúvidas futuras.
Os caminhos estão sempre no escuro.
Pensar não esclarece nossa existência.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

APENAS UM DIA


O dia amanhece sem consequências.
O sol decora rotinas
E a vida segue mansa e previsível.

Pequenas urgências cabem no eu,
mas não definem esta falha,
Este encanto, que acontece onde não sou.

Há uma sobra, um transbordamento,
Que me reinventa a consciência e me rasga.
Jamais serei previsível e  cotidiano.
Estou sempre um passo a frente de mim mesmo.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

DIAS RUINS

Alguns dias envelhecem a gente mais do que os outros.
Guardam um tempo pesado,
Comportam urgências,
E nos levam a sentir
A necessidade de algo diferente.
Basta alguns poucos acontecimentos ruins,
Um pouco de falta de sorte,
Ou qualquer forma de conspiração do acaso.
Há sempre dias ruins.
E nem sempre somos fortes o bastante.
Mesmo depois que passam,
Ficam algumas marcas.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

NOITE DE TÉDIO



Nunca tem nada de bom na TV
E a Internet não é solução.
As horas passam,
A vida passa,
As angústias ficam.
A janela aberta é tudo que resta
A imaginação.
E o mundo, como sempre,
Não faz o menor sentido.

A VIDA SEGUE


A vida segue.
Mesmo que sem rumo,
Que inconformada,
Desorientada
Ou parcialmente morta.

A vida segue por inércia.
Mas mesmo assim se transforma,
Nos transforma,
Permanecendo, apesar de tudo,
Com aquele velho gosto doce de absurdo ..

FILOSOFIA PARA NOVOS BARBAROS


É preciso ter o espírito de um selvagem, uma disposição hedonista para levar as últimas consequências a experiência do corpo. 

Inventar uma grande saúde é apropriar-se da experiência de si mesmo como um tumultuado vazio. Não se engane com a polidez da civilização.

Existir é um grito, um arcaísmo sempre renovado.
Não aceite as ilusões da alma como uma prisão do corpo.

terça-feira, 3 de julho de 2018

COMER BEM


O prazer da boa mesa é um privilégio dos que cultivam hábitos rudes de alimentação. 

Pratos sofisticados não agradam a boca  como aqueles ricos em condimentos , carboidratos e carnes. A boa alimentação exige o espírito de um glutão.

Hoje às pessoas reduzem as refeições aos ritos da boa mesa e já esqueceram dos caprichos da fome. Não fazem a mínima ideia do que é ter apetite.