quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

CONFLITO DE GERAÇÕES


Atualmente o tradicional conflito de gerações já não se dá através de valores e questionamentos. Não há mais uma disputa em torno dos rumos do tempo presente. Não é a possibilidade de um mundo novo que opõe velhos e jovens.  Atualmente a questão é saber qual faixa etária proporciona o mais adequado sentimento de angustia e catástrofe. Além disso, os jovens agora envelhecem cedo demais.

PROBLEMAS DE CONVIVÊNCIA


Meu maior problema sempre foram os outros.

A convivência humana era um jogo sujo. Quando percebia o lado sombrio das pessoas, seus aspectos doentios ou perversos, não conseguia socializar. Afinal,  o que poderia compartilhar com certo tipo de gente tão estragada?

Não era uma questão de ser anti social. A socialização sadia possui algumas premissas. É necessário que as pessoas sejam capazes de buscar um bem comum, uma atmosfera cooperativa sustentada por alguns consensos mínimos. Mas quando todo mundo busca apenas a satisfação pura e simples de suas neuroses, não há nada o que esperar. Tudo desanda.

Pessoalmente, não suporto pessoas mais complicadas do que eu. Não tolero a mediocridade daqueles que buscam vantagens, que instrumentalizam relações humanas.


terça-feira, 29 de janeiro de 2019

SOLIDÃO

Estar em casa é estar em lugar algum.
Ou entre  quatro  paredes 
que definem  um deserto.

Lá fora, ao mesmo tempo, 
O mundo segue hostil é inóspito.
Ruas, portas e janelas conduzem a abismos.


Enquanto eu quase não existo,
tudo acontece sem nenhum motivo.

sábado, 26 de janeiro de 2019

SOBRE TOMAR DECISÕES

Diariamente tomamos inúmeras decisões. Sair da cama e ir trabalhar já é em si uma decisão. Aceitar rotinas, conformar-se aos fatos também é uma decisão. Não decidir é uma decisão. A sociedade é feita por uma maioria decidida à não ser decisiva sobre qualquer coisa. Tomar decisões não significa nada. É só uma forma de conformismo. Coletivamente sempre esperamos que o Estado, deuses ou o destino decidam por nós. Somos descaradamente determinista e fatalistas.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

A IMPORTÂNCIA DAS PALAVRAS

Qualquer palavra é impotente frente ao afeto que nos atinge através dos fatos mais trágicos. Mas é justamente isso que torna as palavras urgentes e necessárias. Não como um instrumento de desabafo, análise objetiva ou julgamento moral,  mas como um acréscimo a crua realidade, como um modo de acrescentar um algo mais ao vazio da vida nua.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

QUEM EU SOU HOJE?

Quem eu sou hoje?

Serei esse nome que mensalmente recebe boletos para pagar, que come mal, que veste o que tem, e bebe o que não pode apenas para não pensar nisso?

Há tantos iguais à mim que praticamente não existo. Afinal, viver não pode ser isso. Tudo para mim é quase impossível.
Quem eu sou hoje?

Aquele que amanhã, talvez, não serei, apesar da impossibilidade de ser qualquer outro.

De fato é melhor ser ninguém, se tudo que sou é este exemplo inútil de gente definida pelo pouco dinheiro que tem no bolso.
Hoje já não sei se sou ou se ainda seria.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

O PRÓXIMO CIGARRO

Estou fumando e pensando no próximo cigarro...
Há algo errado com a vida.
Tudo gera ansiedades.

Dentro de mim se agitam muitas vontades,
Necessidades de dias outros
Onde a paz de ser seja possível.

Nada é mais absurdo do que nossa cotidiana realidade.
A banalidade nos oprime,
Naturaliza o inaceitável...

Mas  eu só penso no próximo cigarro.

A VIDA


Daqui em diante,
Fugirei de todas as conclusões,
Soluções, planos e decisões!
 
A vida não acontece por decreto,
Não se resolve em teses de doutorado.

A vida é aquilo que segue,
Que muda, definha e se reinventa
Sempre de novo contra todas as nossas expectativas!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

A INTENSIDADE DE UM INSTANTE


Soube o vazio,
O risco e o sem sentido
De um intenso instante de madrugada.
Tudo me pareceu possível.
A vida podia ser outra,
Independente dos fatos,
Dos lapsos do dia a dia.
Soube isso apenas por um instante
Antes de me afogar nas horas mortas
Que nos embriagam de sono.
Talvez tenha sido mesmo
Apenas um sonho,
Um relâmpago de algum futuro perdido.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

SOBRE NOSSA MISERÁVEL AUTO CONSCIÊNCIA


Não somos capazes de medir nossas incompetências, nossos limites e fraquezas. É uma questão de auto estima. Somos demasiadamente condescendentes com nossa fraquezas. As vezes chegando ao limite da falsificação ou da dissimulação. Inventamos qualidades que não possuímos e dissimulamos nossos defeitos e erros. Impossível saber alguma coisa sobre alguém sem escutar seus desafetos.

Somos seres portadores de uma risível autoconsciência.

SEJA UM IMPRESTÁVEL


De um modo geral somos socialmente coagidos a adotar uma persona social, a nos reduzir a uma função, a uma “coisa que faz” dentro da infernal maquinaria da sociedade e do Estado. Quanto mais eficientemente medíocres e competentes nos tornamos, mas somos aceitos como um nada que preenche espaços.  É isso que define ser alguém na vida. Por isso sempre estive entre os anormais ou desajustados, entre aqueles que não prestam pra nada.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

COMO AS COISAS MUDAM


Preciso marcar um encontro com o inesperado,
Com o impossível e o inviável.
Não há outro meio de fugir a rotina.
As coisas mudam quando transbordam,
Quando nada mais dá certo.

É preciso um pouco de caos
Para produzir mudanças.
É preciso fracassar para não permanecer o mesmo.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

APESAR DE TUDO




Posso não ser feliz,
Não me sentir livre
Ou afetivamente envolvido.
Posso estar vivendo meu pior dia do mundo,
acumulando improvisos,
Sofrendo apenas uma noite de cada vez
Sem vislumbrar qualquer futuro.
Nada mais típico em uma sociedade sem substância.
Mas, independente de tudo isso,
Estou vivo.
Guardo em mim mil possibilidades de intensões e sonhos.

domingo, 13 de janeiro de 2019

UM DIA SEGUINTE

Segui para o dia seguinte.
Não seria um dia melhor.
Apenas outro igual aos outros.
Um dia sem novidades
E de verdades vazias.
Nenhum futuro se anunciava.
Mas era um dia seguinte,
Contra todas as minhas piores expectativas .

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

SEM ESPERANÇA

Onde não existe esperança acontece uma aliança entre o novo e o medo. Algo que nos transforma, que nos obriga a não ser mais o mesmo contra todas as nossas inercias.

Então descobrimos que dentro de nós existe sempre o estrangeiro, uma fronteira entre o ontem e o amanhã. Raramente a ultrapassarmos. Pois, no fundo, quase não sabemos quem somos.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

LEMBRANÇA DE DIAS COMPLIDOS



Um dia comprido,
Como me diziam na infância,
É um dia de passeios ou trabalho
Onde as horas, pesadas de fatos,
Deformam a linha do tempo.
Por isso parecem mais longos
Contrariando o relógio.
Dias assim me ensinaram
Que o  tempo nunca é o mesmo.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

MEDIOCRIDADE


A vida nunca será aquilo que esperamos dela.
Surpreender-se adulto é exatamente isso:
Confrontar-se com a infelicidade.
O mundo é sempre o oposto de nossas expectativas.
Isso é o que define tudo que vivemos.
Não espere nada além disso.
Ninguém é herói ou protagonista.
A existência define um cenário miseravelmente medíocre.


quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

VIVEMOS CONTRA OS FATOS

Vivemos contra os fatos.
Criamos vida a cada ato
Lutando contra  circunstâncias.

Não é fácil....
Morreremos um dia.
Mas jamais seremos coisas
Refletindo fatos.

Nenhuma objetividade ou subjetividade.
Nenhum jogo de consciência,
Que nos apague a magia da realidade.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

OS PRIMEIROS DIAS DO ANO

Os primeiros dias do ano novo guardam sempre um sabor de ressaca moral. É como se a ritualística do eterno retorno do ano novo, nos confrontasse sempre com nossa fragilidade dentro do acontecer do tempo. 

Envelhecemos, sofremos  cada ano novo como uma perda. O passado cresce e fica cada vez mais difícil de carregar. Eis a amarga constatação sempre renovada a cada réveillon. 
A felicidade sempre falta ao encontro. A vida sempre dói um pouco.