domingo, 31 de maio de 2020

FALSO ESTOICISMO

Tenho vivido em segredo desastres,
Perdido o mundo e o rumo
Com certa serenidade.

Tenho me sentido o último dos humanos,
A mais míseravel das criaturas. 

Mas mantenho o sorriso
E alguma dignidade.

Apesar se tudo respiro, 
Sofro a tal ponto 
Que já  não  me importo.

domingo, 10 de maio de 2020

DEPOIS DO FUTURO

É  tarde demais para o futuro.
Há  somente um vazio de mundo,
Uma ausência de amanhã 
Em nossas urgências de agora e sempre.

Nada mais é seguro.
O tempo transborda em um minuto.
Não sei se isso importa
Do lado de fora de qualquer certeza
Que me inspire na pobreza do agora.

Há apenas dias degradados 
Acumulados no infinito de um instante impossivel.

Seguimos através  do absurdo dos fatos,
Atos e desacatos 
Que perturbam a ilusória  ordem cotidiana.

Há silêncios crescendo na gente
E tudo parece tarde e
Distante,
Perdido no caos da cidade.

A vida mudou ou morreu,
Nada será como antes.

 Mas ninguém sabe direito
O que nos aconteceu,
Como o futuro virou passado
É nenhum novo dia nasceu. 

Nada será como esperado,
Pensado ou sonhado.
Estamos todos ultrapassados,
Desfeitos.
O futuro será outra coisa
Contra o pior de nós mesmos.

Qualquer outro tempo 
No ilegível da natureza
Inventa o impossivel que nos espera. 









TÉDIO

A vida segue
Nada acontece
O dia passa 
Não é cedo
Não  é  tarde
Tudo é nada
Silêncio e tédio 
Nem sei
Se ainda existo.

sábado, 2 de maio de 2020

SORRISO DE VINHO

Dedico uma  garrafa de vinho
Aos impossíveis dias de verões  perdidos,
Ao interdito das alegrias utópicas ,
Ao que nunca me foi ou será possível.

Para cada frustração tenho a lembrança  de um porre,
De qualquer desatino entre amigos.

A embriaguez é o melhor antídoto  para a felicidade.
Por isso,
Tenho sempre nos lábios 
Um sorriso de vinho.