Havia muito sol naquela manhã. Foi impossível ficar deitado
até mais tarde com toda aquela luz entrando no quarto e me perturbando as
ideias. Então levantei, ascendi um cigarro, depois outro, e fiquei ali sentado
na beira da cama sem fazer nada. Apenas sentia que era dia e isso não
significava nada para mim.
Não perderia meu tempo arrumando a casa ou com visitas ao
supermercado. Também não atenderia a
telefonemas se alguém, por um milagre, cometesse o destempero de ligar pra mim.
Estava bem ali, esquecido do mundo e cultivando minha preguiça. Pouco me
importava se o mundo ainda existia lá fora.
Mas depois dos quarenta fica mais difícil manter a rotina de
um adolescente. Principalmente porque a vida já não te acompanha mais.
Continuar no ritmo equivale a desistir de tudo. Mas o que mais eu poderia
esperar?
Um belo fim era tudo o que me aguardava. Eu tentava
antecipa-lo constantemente em meus pensamentos. Mas não conseguia predize-lo
ainda.
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