quinta-feira, 2 de junho de 2022

CONTRA O DIA DE HOJE

O amanhã não importa.
Nele não cabem nossas urgências.
O amanhã é a morte.

É sempre o dia de hoje
aquela maldita parte do tempo  que dói,
que cansa,
e termina sem qualquer conclusão. 

Todos os dias possíveis são o dia de hoje.
Um desagradável dia de hoje,
 que me mata aos poucos,
sem o alívio de qualquer amanhã
ou juízo final.

Quem me dera poder dormir 
e não acordar novamente para o dia de hoje.
Talvez me surpreender perdido
em qualquer tempo 
anterior ao meu nascimento,
Saber o paradoxo de ser
sem ter, ainda,
se quer existido.
O amanhã seria, então, o meu dia de hoje
e o passado não faria sentido.







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