sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

A CIDADE CONTRA A HISTÓRIA

A cidade
persiste no mapa.
Mas não insiste,
parece que quase não existe,
nas ruas, prédios e máquinas
que inventam a paisagem dura
que cotidianamente reinventa
a prisão sem muros
de nossas tristes rotinas.

Mas o que define,
 afinal, a cidade
são as ausências que nos atravessam,
como a intempestiva memória,
ou quase presença,
de pessoas e coisas
que, para sempre,
 se perderam de todas as épocas.

A cidade não existe.
Ela é a vertigem de muitos passados
geograficamente organizados
contra toda ideia de indústria, trabalho, ordem e progresso.

A cidade é um desastre contra o futuro.
Um artesanato mudo,
uma arqueologia contra a memória.

A cidade, afinal, persiste
em nome do esquecimento, da preguiça e dos prazeres
que embriagam os corpos.

A cidade é um além do mundo
feito de multidão, chão e absurdos.



Nenhum comentário:

Postar um comentário