terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

DIAS DE PREGUIÇA


Há dias em que a preguiça
é maior que a vida
e o tempo se desfaz em silêncios, inércias
e mansas melancolias.

São dias onde tudo que importa
é esquecer.
Não querer,
não pensar ,
não saber,
não sentir,
não estar,
quase não ser.

Neles nada acontece.
Não há novidades.
Só tédios, tristezas e botecos.
Tudo parece prestes a desaparecer
com o próximo passo
ou terminar com um instalar de dedos,
com uma tosse, um suspiro,
um susto, ou, ainda, talvez,
quem sabe, com um tiro.

Um sono nos diz
que tudo já foi vivido,
sentido e pensado.
Que não há mais nada por fazer,
que é tarde demais,
que a vida passa mais depressa
quando pensamos nos mortos
e em tudo que se desfaz.

Tais dias deveriam  acabar
com um estalar de dedos,
com um suspiro,
com um susto,
salvas de palmas ou festas.

Mas são  dias que nunca terminam,
que  continuam acontecendo dentro da gente,
na contramão das rotinas
e através de uma preguiça
que não para de crescer.




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