sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

ELOGIO A FINITUDE



Meu tempo é o instante de hoje,
efêmero e restrito ao acontecimento incerto 
do meu corpo na extensão do agora.

Meu tempo  é o tédio do depois do almoço,
a angustia da noite mal dormida,
e a rotina que me enterra nos dias,
entre o trabalho e o gozo.

Não  me interessa o futuro da humanidade
ou as ilusões do progresso universal.
Não  sou feito de humanidades,
de reputações e rótulos.

Nenhuma razão me guia
ou me explica.
Não  frequento os palácios do pensamento.

Sou raso, precário,
e quase invisível,
preso a uma vida
que aos poucos me escapa. 

Não  cortejo, portanto, verdades livrescas,
nem moral de rebanho.

Sou indiferente a ordem,
as autoridades, deuses,
e determinismos cósmicos.

Tenho orgulho de ser ilegível e insignificante.
E pouco sei sobre o universo,
os rumos do mundo,
ou sobre os tantos desastres produzidos por nossa condição humana.

Minha pátria é o esquecimento
onde habitam silêncios,
errâncias e desaparecimentos. 

Meu destino é a morte
e o meu caminho a incerteza.

















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