Eu já não tinha nenhum prazer em
beber durante aquelas madrugadas vazias e solitárias em hotéis baratos e mal
frequentados. Mas gostava da sensação de
estar de férias de mim mesmo, sem obrigações e rotinas, na companhia de uma
garrafa e maços de cigarro. Sabia que aquilo era tudo que eu conseguiria ter
para enfrentar o tempo e os pensamentos que me gritavam desesperos e tragédias.
O álcool me ajudava a suportar a
impossibilidade de fugir de mim, de saber qualquer outra vida que não fosse
aquela. Me sentia velho e abominável. Sabia que me colocava cada vez mais a
margem de tudo e não me importava com isso.
Afinal, não tinha nada a perder
ou a esperar da minha existência modesta e estúpida. A maioria das pessoas se
enganam sobre tudo. Não admitem seus fracassos e suas misérias. Eu, ao
contrário, achava que o melhor a fazer era dar voz a ela.
Quando eu bebia as coisas não melhoravam. Acho
que ficavam mesmo é piores. Mas pelo menos eram mais divertidas e sem medidas.
Isso fazia uma grande diferença. As vezes tudo que nos resta é esquecer as boas
maneiras e ficar desesperados. Se tudo
que você tem é o caos então pule no abismo.
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