Depois de alguns copos de cerveja
Paula se pôs a falar sobre sua vida. Falava rápido e sem pensar misturando
diversos assuntos e opiniões desconectadas. O que dava uma boa ideia de seu
estado de confusão existencial. Encontrava- se perdida dentro da própria vida,
sem vislumbrar futuros e arrependida de todo o seu passado. No fundo não
entendia como sua vida contrariou tão exemplarmente todas as suas ingênuas
expectativas de adolescente. Agora percebia o tempo passar e o quanto era tarde
demais para mudar seu destino. Estava condenada a si mesma.
Eu a escutava calado. Não
conseguia pensar em nada para dizer. Também não andava feliz com minha própria
vida. Nisso éramos parecidos. Mas nada
podíamos fazer um pelo outro. Só nos
restava dividir cervejas madrugada a dentro.
Paula era frágil e inadequada ao
seu cotidiano/gaiola e eu não era a pessoa certa para escuta-la.
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