quarta-feira, 7 de junho de 2017

CONVERSAÇÕES I

Depois de alguns copos de cerveja Paula se pôs a falar sobre sua vida. Falava rápido e sem pensar misturando diversos assuntos e opiniões desconectadas. O que dava uma boa ideia de seu estado de confusão existencial. Encontrava- se perdida dentro da própria vida, sem vislumbrar futuros e arrependida de todo o seu passado. No fundo não entendia como sua vida contrariou tão exemplarmente todas as suas ingênuas expectativas de adolescente. Agora percebia o tempo passar e o quanto era tarde demais para mudar seu destino. Estava condenada a si mesma.

Eu a escutava calado. Não conseguia pensar em nada para dizer. Também não andava feliz com minha própria vida. Nisso éramos parecidos.  Mas nada podíamos fazer um pelo outro.  Só nos restava dividir cervejas madrugada a dentro.

Paula era frágil e inadequada ao seu cotidiano/gaiola e eu não era a pessoa certa para escuta-la.


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