Sempre que podia, ficava
observando os moradores de rua no centro da cidade.
Tentava roubar suas conversas. Queria realmente entende-los.
Aquela gente maltrapilha e
embriagada conseguia uma coisa que para
mim parecia realmente impossível: abrir mão de sua privacidade.
É claro que ficavam presos a um
determinado espaço. Mas não haviam paredes para isola-los do mundo e eles não
se matavam por causa disso. Eu, ao contrário, precisava estar sempre me
isolando do mundo.
Gostaria de entender como eles
conseguem estar o tempo todo a céu aberto.
Eles conseguem mais do que qualquer
poeta desdenhar e desprezar a sociedade. Não conseguiria me ver no lugar deles.
Não suportaria a constante exposição pública, a indiferença coletiva e a
hostilidade das autoridades de segurança pública. Mas eles aguentavam tudo e,
muitos exibiam, irreverência e auto estima.
Eu realmente queria entender como
essa gente funciona....
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