Toda bebida do mundo não traria de volta
minha alto estima e a possibilidade de acreditar novamente em mim mesmo. Havia
atingido o limite das incertezas e inseguranças. Toda minha biografia era a
oscilação de um indeterminado nada que se consumia no tempo sem qualquer
proposito. O ontem e o hoje diziam o mesmo tédio de sempre no vazio de pseudo perspectivas
existenciais.
O que eu poderia ainda esperar do futuro? A
verdade é que não tinha futuro. Era apenas mais um rosto opaco em uma multidão
de perdidos que povoavam gratuitamente o mundo. Não chegaríamos a lugar algum.
Melhor não perder tempo fazendo planos e sonhando com conquistas inúteis.
Aquela garrafa de uísque tinha mais
realidade do que eu. E agora ela era o
centro de todo o meu mundo. Pois A embriaguez havia se tornado uma estratégia
de sobrevivência, um meio de aguentar o peso de mim mesmo. Sabia que não me
sentiria melhor depois de alguns goles. Mas não me importava. Tudo parecia mais fácil quando estava bêbado.
Era uma questão de perspectiva. O álcool permitia construir uma leitura
diferente das coisas diluindo convicções e colorindo com emoção os mais banais
recantos da realidade.
A existência só é de fato compreensível aos
bêbados e aos loucos. Pois apenas eles são capazes de lidar com o aleatório e
gratuito encadeamento de eventos que nos inventa a realidade.
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