sexta-feira, 12 de agosto de 2016

TAVERNA FILOSÓFICA

Toda bebida do mundo não traria de volta minha alto estima e a possibilidade de acreditar novamente em mim mesmo. Havia atingido o limite das incertezas e inseguranças. Toda minha biografia era a oscilação de um indeterminado nada que se consumia no tempo sem qualquer proposito. O ontem e o hoje diziam o mesmo tédio de sempre no vazio de  pseudo perspectivas existenciais.

O que eu poderia ainda esperar do futuro? A verdade é que não tinha futuro. Era apenas mais um rosto opaco em uma multidão de perdidos que povoavam gratuitamente o mundo. Não chegaríamos a lugar algum. Melhor não perder tempo fazendo planos e sonhando com conquistas inúteis.

Aquela garrafa de uísque tinha mais realidade do que eu.  E agora ela era o centro de todo o meu mundo. Pois A embriaguez havia se tornado uma estratégia de sobrevivência, um meio de aguentar o peso de mim mesmo. Sabia que não me sentiria melhor depois de alguns goles. Mas não me importava.  Tudo parecia mais fácil quando estava bêbado. Era uma questão de perspectiva. O álcool permitia construir uma leitura diferente das coisas diluindo convicções e colorindo com emoção os mais banais recantos da realidade.

A existência só é de fato compreensível aos bêbados e aos loucos. Pois apenas eles são capazes de lidar com o aleatório e gratuito encadeamento de eventos que nos inventa a realidade.


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